Querida Sophia
Aqui os dias demoram a passar, e como eu queria que você pudesse me ouvir daí de onde está!
Se pudesse me ouvir agora, diria que nosso encontro virá, com ou sem demora, virá na hora certa, na promissora hora. Diria pra você não se apressar em crescer, porque crescer deixa a gente com mais pressa (temos pressa até pra morrer, vai por mim, você não ia querer…); Então, apenas aproveite esse seu sorvete de baunilha, deixe que os dias cuidem de si mesmos, não se preocupe com meus desesperos…
É que eu me desespero demais mesmo.
Me desespero com minha forma de driblar tudo que me cause apego. Neste exato momento, estou no meu quarto pensando em como seria o meu futuro se talvez decidisse me apegar ou me agarrar a algo ou alguém. As pessoas normalmente têm medo disso, mas eu não, eu tenho fobia. Não foi sempre assim… eu me entregava facilmente e me doava quando achava que valeria à pena, mas hoje, esse é o meu problema: Como saber se algo vale mesmo a pena depois de tantas partes quebradas, que nem caberiam em todos os meus poemas? O fato, Sophia, é que eu quero tentar… Quero me doar, me entregar… achava que seria fácil quando a gente já tivesse aprendido a amar, mas vi que o amor não é como uma mágica que a tudo resolverá.
Além de amar, é preciso acreditar, entregar tudo (ou quase tudo) de si e fechar os olhos, na esperança de que, uma hora ou outra, a turbulência passe, e eu, e você, e ele, e nós, pularemos então, para a próxima fase.
p.s.: Um dia sua hora vai chegar, quando isso acontecer, não tenha medo de amar, se doar, se entregar…