No início de tudo foi criado o pôr do sol, a maior riqueza que os olhos podem ter. Logo depois vieram as rochas embaladas pelo piano, numa melodia lenta e melancólica. Mais tarde os sentimentos floresceram. A felicidade de mãos dadas com o ódio, a alegria engrenhada com a tristeza, e por aí em diante.

A partir do sol, das rochas, dos sentimentos e da melodia foi-se criado todo o resto. Os seres aconteceram, as plantas aconteceram, os planetas aconteceram.

Tudo era perfeito para quem olhava ao seu redor e via alegria em horizontes cinzas. Transformava a noite em uma miscelânea de sentimentos tristes e cabulosos, que no final poderiam ser moldados e enrijecidos na forma de uma felicidade anormal, exótica.

A música era presente em tudo. Principalmente os pianos, largos e imponentes. Possuíam uma potência devastadora naqueles tempos. Sua música moldava montanhas, abria vales e encostas. Quando a música sessava era o momento do tão esperado descanso.

Por 2 horas o sol iluminava tudo e todos. Desde um ninho de coelhos até a mais escondida e longa caverna. Os raios de luz traziam brilho e calmaria para todos. Eles passavam entre a terra e aqueciam todas as raízes, trazendo fertilidade e frutos para os que dali quisessem sobreviver.

As rochas litorâneas eram obras de arte talhadas pelo desconhecido. Tinham formas estranhas e perturbadoras, que se bem observadas revelavam um sentido oculto muito pouco entendido pela maioria. As rochas compunham a estrutura de tudo, o esqueleto do mundo. Quando essa estrutura está completa, o excesso brota nos litorais. Depois vieram os derivados, pedras, pedregulhos, cascalhos e areia.

Os sentimentos foram tomando o controle de pouco a pouco. Sem nenhuma interferência, eles foram inflando, ganhando novos ares. Os desacordos começaram a acontecer, as brigas que antes não existiam, tomaram o lugar do bem estar. Não demorou muito para pipocar assassinatos, homicídios e assaltos.

O último parágrafo que você leu, te lembra o que?

Não deixe os sentimentos tomarem o controle. Não permita que os sentimentos ocupem um espaço que não são deles.

Lembre-se. A felicidade está de mãos dadas com o ódio e a alegria engrenha-se com a tristeza, e por ai em diante.