Ninguém vai de roupas para a praia.
Era possível prever quem é que seria o próximo a me dizer que ninguém vai de roupas para a praia, mas, com o tempo, todas as pessoas se acostumam com o corriqueiro, não importa quanto demore. Eu me acostumei com isso, e eles se acostumaram comigo; eu me acostumei com as brigas, e eles se acostumaram a brigar como gladiadores; eu me acostumei com a violência fria de suas palavras, e eles se acostumaram comigo deixando a casa a cada discussão — tanto que nem perguntam mais aonde eu vou, porque eles sabem.
Eles sabem que, quando eu me afastava de seus gritos, era para lá que eu ia; para o vazio da areia, para debaixo do céu e do sol, vestindo as mangas de meus casacos. Eles sabem que, quando eu me afastava de tudo, o mar era o único alguém que eu buscava; não os buscava porque não tinha motivos ou vontade; porque meu desabafo é silencioso, com os pés na areia e a maresia nos cabelos.
E, quando o maior dos silêncios voltava a abrandar-me a mente, poderia ouvi-lo aos meus pés, chiando sob o mormaço cinzento em sua própria melancolia.