As (Manif)Estações de um Horto Desprezível (Em Andamento)
True Diablair
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 13/09/17 10:47
Editado: 13/11/17 04:09
Qtd. de Capítulos: 2
Cap. Postado: 13/09/17 10:47
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 2
Comentários: 2
Total de Visualizações: 587
Usuários que Visualizaram: 8
Palavras: 406
Livre para todos os públicos
As (Manif)Estações de um Horto Desprezível
Notas de Cabeçalho

Esta obra foi uma das minhas primeiras diablairizações e uma das quais mais me orgulho, pois o grau de corrupção e decadência que fui obrigado a usar para perverter o excelso conto da Srta Marina Rodrigues (saudosa Mari/UponOnceALand) foi praticamente satânico, resultando em um texto muito mais rebuscado do que estou acostumado a escrever.

Espero que possam apreciar a leitura e estou curioso sobre eventuais interpretações.

Primeira Estação Primavera...?

É incrível como o hábito cria sua própria força com o passar o tempo...

Pela enésima vez eu passeava por aquele horto de aparência desagradável, o solo cor-de-ferrugem, ressecado e fendido se esfacelando sob meus pés a cada passo vagaroso que era obrigado a suportar. Entre uma rachadura e outra e de algum modo que me escapava, persistia o escárnio de uma flora de inegável feiúra. Tal qual um moribundo à espera da morte, a vegetação deplorável parecia aguardar uma primavera que nunca viria.

Em seu lugar, a seca reinava absoluta de forma a deixar tudo sempre e ainda pior. Mesmo incomodado com a visão daquelas flores de pétalas estorricadas que cheiravam como um cadáver em um dia ensolarado, cada uma com cores variando entre o esterco e o gorfo de uma criança e com texturas que me lembravam ora vísceras frescas, ora arame farpado... Eu vagava por entre elas, aspirando aquele miasma que sua lenta e infindável decomposição emanava sutilmente. Às vezes, até as regava com parcas e raras gotas salobras que caíam. Mas nada mudava.

Naquela penumbra gélida em que a vegetação e eu estávamos, pesadelos, traumas e desilusões espreitavam como fantasmas famintos e sem descanso. Eram minha única companhia naquele maldito jardim.

Às vezes eu divagava como poderia ser ou ter sido diferente.

Quem mais além de mim se atreveria a adentrar nessa paisagem desolada, chafurdar em meio a toda essa imensidão árida e prosseguir até o cerne espinhoso, rasgando as mãos e pulsos para alcançar o que talvez nem haja no grotesco centro do emaranhado?

Poderia vicejar um lírio sequer, por mais diminuto que fosse, em meio a toda aquela decadência e corrupção?

Na minha dúvida que há tempos se convertera em negação irreversível, me divertia com o ritmado frenesi do pássaro escuro que praticamente violava uma ou outra flor alheia quando adejava para fora daquele lugar soturno. Embora passageira, tal emoção me ajudava a permanecer ali dentro.

E de tal modo peculiar e peçonhento, as estações passaram tantas vezes que perdi-me na contagem. Mesmo assim, a mudança de clima era invariavelmente de estigem para uma frieza invernal que nada trazia de bom. Tudo fica pior. Mais inóspito. Mais perturbador.

E eu estava lá.

Eu sempre era/ fui o único a estar lá.

Por quê? Bom... Talvez porque todas as diminutas, indelicadas e asquerosas flores que ali existiam possuíam uma pétala. Tão somente uma, com a mesmíssima sentença inscrita e imposta.

"Mal-me-quer"...

❖❖❖
Notas de Rodapé

Muitíssimo obrigado por existir, Mari. E espero que possa me perdoar um dia por ser um amigo tão excremental (se não existia essa palavra antes, a patenteio agora).

See ya...

Apreciadores (2)
Comentários (2)
Postado 13/09/17 13:02

Pois bem, vamos ver onde essa maravilha vai parar. (Embora eu já saiba que tudo termina da mesma forma, mesmo que não seja exatamente isso que aconteça aqui.)

"Quem mais além de mim se atreveria a adentrar nessa paisagem desolada[...]"

Eu, talvez, quem sabe.... Ou não. Vai saber.

Seus textos são sempre excelentes. Parabéns!

#ad01 - 082/154

Postado 13/09/17 15:31

O Fim é inexorávem, não é mesmo. Só nos resta o onde, o como e o porquê (esse último nem sempre convincente o bastante)

Gratíssimo pela leitura e elogios, Srta Flávia! Gratíssimo!

Postado 14/09/17 17:44 Editado 14/09/17 17:46

No começo da leitura somos tomados por um sentimento de solidão forte o suficiente para nos fazer prosseguir com a leitura. Nesta obra, nossa curiosidade é despertada porque queremos descobrir como essa melancolia do narrador vai terminar. Conforme ele nos guia por este jardim morto, somos transportados para esta atmosfera que transborda esquecimento. A riqueza de detalhes na obra nos faz ver com perfeição através das palavras, a tristeza vivida por nosso narrador.

Uma obra verdadeiramente digna de palmas! Espero ver ainda mais dela. Meus parabéns, Sr.Diablair.

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Postado 15/09/17 00:45

Srta Ternura, não sei como descrever minha satisfação e contentamento ao ler seu feedback! Quisera eu conseguir interpretar os textos que leio de uma forma tão condizente e congruente com o que os autores tentam passar, tal qual a senhorita fez agora! É muito gratificante receber um comentário desse porte! Ganhei a noite!

Gratíssimo, gratíssimo!

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