Me atrevi a tentar
Transcrever esta pulsação
Dolorosa a me fustigar
A cada recordação
Que tenho sem parar
Ao pensar nesta situação
Tão surreal de regressar
Do teu enterro... Mas não,
Não há como explicar
Pois não existe explicação,
Não em simples palavras:
Tal coisa só é possível
Através de minhas lágrimas,
Da constante vermelhidão
Pelo pranto incontido
Presente sem moderação
Em meu olhar perdido
Como os meus pensamentos
Que vem e vão
Com um misto sentimentos
Que fazem uma confusão
Inacreditável aqui dentro...
Ainda resta negação
Enquanto sobra saudade.
Ainda fica a frustação
Pela falta da oportunidade
De uma última conversa,
De só mais uma tarde
De jogatina, de diálogo,
De qualquer coisa
Que não fosse seu velório...
Só que, diferente do RPG,
Por mais que eu queira,
Não há como te reviver.
Pode parecer besteira
Isso que vou dizer,
Só que não é brincadeira:
Eu te admirava pra valer!
Não que isso tenha cessado,
Não! Pelo contrário!
Só que eu deveria ter dito
Mais vezes, para deixar claro
O quanto eras incrível
E, principalmente,
O quanto eras importante
Para todos nós... Para mim...
E então, em um instante,
Simplesmente veio o fim
E o gosto amargo
Das palavras não ditas,
Das aventuras não vividas
E das chances perdidas,
Pois cessou tua vida
Fazendo com que a nossa
Ficasse um tanto sombria
E que esta esfera maldita
Por "Terra" conhecida
Um pouco mais fria...
Para mim, em particular,
Uma coisa me perturba;
Mais que uma pergunta,
Uma triste reflexão:
Será que o pesar
Agora em meu coração
Se iguala ou sequer faz juz
Àquele que me apunhalou
Enquanto eu carregava teu caixão?
Que ao menos tenhas paz agora tu,
Que para mim foste um irmão!
Foste um guerreiro até o fim
Que recebas um digno galardão!
Sentirei demais tua falta
Até o dia de nossa reunião...
Descansa como merecido
Nos aguarda mais um pouco.
E muito obrigado por ter existido,
Nosso eterno Maldito Kakaroto...