Todo santo dia, eu lhe dava o bom dia todo carinhoso, e você retribuía, às vezes gentilmente, outras vezes apressado... Ah, você sempre foi de trabalhar demais, nunca descansava.

A gente se conheceu há um tempo, sei lá quanto tempo. Só me lembro que eu gostava de ver o seu trabalho, e de repente você me chamou, todo educado, daquele jeitão simpático, e começamos a conversar.

Eu adorei cada segundo do primeiro dia, cada milésimo de segundo. Nunca pensei que tão pouco tempo daquilo já faria um estrago tão grande — não um estrago ruim, é claro.

Eu não queria me apaixonar. Na verdade, estava bem à vontade só, sempre curtindo, vivendo a vida tranquila. E, quando fui notar, eu simplesmente não conseguia passar um dia sem conversar com você, sem te dar bom dia, boa tarde ou boa noite...

Fizemos tantos planos... Prometemos nos abraçar caso nos vissemos, prometemos conversar mais.

Na verdade, eram promessas só minhas; você mesmo nunca chegou a prometer de verdade... Ou talvez apenas guardou no seu íntimo a promessa.

Sabe, eu sinto falta de tudo isso: de eu sempre mandando você descansar mais, de você se divertir mais. Eu era mesmo uma mandona, não era?

Tava tudo indo bem, sempre conversávamos, sempre ríamos, era do nosso jeito tudo aquilo, mas eu amava tanto aquelas conversas que foi aí que me deu na telha de falar que :

"Achava que gostava de você".

E você simplesmente não levou a sério, ou levou — isso também não sei. Sua resposta foi tão doce e mesmo assim tão desacreditada: disseste simplesmente:

"Se eu pudesse, já teria te convidado para um encontro"

E então mandou um emoji sorrindo.

Nunca entendi aquilo direito, mas enfim...

Mês vai, mês entra, e eu percebi que meu estômago revirava só de te ver online. Um revirar de empolgação, sabe? Coisa boba mesmo!

Dava risadas das nossas brincadeiras. Até mesmo lembro que você um dia me disse que, apesar de eu ser pequena, isso era bom, pois daria para me carregar com facilidade nas costas, ou, como você mesmo disse:

"Como se eu fosse o Luke, e você o Yoda nas minhas costas."

Aquele dia foi bacana também...

Então o dia fatídico chegou — ou não tão fatídico para os outros ou para ti, mas para mim, foi.

Eu não sei bem o que fiz de errado, apenas dei minha opinião em algo, e começamos a discutir. Não foi uma discussão ruim, foi até construtiva. Foi quando você disse:

"Ainda vejo qualidades em você, mas tu não és mais a garota meiga que eu via antes."

Aquilo me afetou horrores. Eu não sei por que me senti tão mal, e quero não entender tudo aquilo.

Desse dia em diante, mudou tudo. Lá se vão as conversas todo dia, lá se vão os planos. Quando notei, nem me respondia direito.

Não sei se foi por causa daquela conversa, ou se foi porque estava ocupado. Quero acreditar na segunda opção, mas, sinceramente, sei que foi a primeira.

Eu, aos poucos, desisti, até desistir completamente de você. Ainda te amava, mas vi que estava amando sozinha, e isso doía. Me pergunto se foi mesmo aquela discussão, se foi porque enjoou de mim, ou porque conheceu alguém melhor. Quero acreditar em nada e em tudo.

Me perdoe, mas, sinceramente, eu queria não ter te conhecido, não passado as manhãs e as noites acordada me perguntando como poderia ter sido.

Vi você ontem, em uma foto, estava feliz.

Estava com a garota... aquela garota...

Seja lá o que ela for sua, espero que esteja bem.

Tu foi meu amor, não sei qual deles, se foi o primeiro ou o décimo, mas tu foi um amor para mim, querido.

Te desejo vida longa, um grande amor, paz e alegria.

Estou bem também, espero que saiba. Mesmo que eu não fale mais com você agora, espero que, de algum modo, tu saiba que eu estou bem.

Pois é, eu até fico feliz. Reclamei anteriormente que não queria ter te conhecido, mas vou reformular isto:

Te conhecer foi a melhor maneira de me conhecer e de perceber que sou capaz de ser feliz, de amar alguém e de superar a dor.