Dez anos depois...
Pequena Estrela
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 24/10/19 10:35
Editado: 18/08/25 23:03
Gênero(s): Cotidiano Romântico
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 6min
Apreciadores: 1
Comentários: 3
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Palavras: 839
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Aprecieeem

tava tão criativa e o dia está tão lindo, precisava escrever.

Capítulo Único Dez anos depois...

Se passaram tantas primaveras, e hoje desfruto de mais uma primavera...

Acordo cedo, ouvindo os passarinhos cantarem em nossa janela. Olho para o lado da cama de casal e vejo que alguém não está. Certamente está tomando ou preparando o café antes de ir trabalhar. Levanto-me como todos os dias, tomo um banho morno e confortante, visto uma camiseta dele — que agora é minha. Sempre tive o costume de roubar as camisetas do meu esposo. Você aí, leitor, não me julgue.

Vou para a cozinha arejada. O sol entra iluminando todo o chão, as paredes e as cortinas curtinhas, amareladas e cheias de florzinhas. Fazia um dia lindo lá fora, mas nada era mais belo do que a cena que eu via agora: meu esposo amado, com a camiseta de serviço, a barba por fazer que eu tanto gostava, mas que ele insistia em tirar. Os anos passaram para ele, havia fios brancos aqui e ali em seus cabelos, porém isso só lhe dava mais charme. Os olhos, porém, eram os mesmos de dez anos atrás: lindos e penetrantes.

Meu esposo me olha, percebe que estou fitando-o sem parar e não deixa de sorrir, dizendo:

— Não vai sentar para comer, não?

Eu apenas sorrio, concordo com a cabeça, sem jeito. Sempre ficava sem graça diante daquele sorriso. Nós dois comemos juntos um desjejum simples: pão com geleia ou margarina, suco de laranja (ou de outra fruta) e aquele café bem passadinho. Coisas simples que apenas pessoas simples veem o devido valor e conseguem apreciar.

Terminado o café, lavo rápido os copos, guardo tudo, tiro a mesa, sacudo a toalha com os farelos de pão lá no jardim...

Ah, o jardim! O lugar mais lindo do mundo depois da minha humilde casa. Era um terreno grande e reto, com um gramado verde-vivo, esvoaçante, que ao passar deixava nos pés o frescor dos orvalhos gelados. Mais à frente, um ipê amarelo florido — uma árvore linda que trazia para nós sua alegria e cores vibrantes. Em volta dela, milhares de flores caídas, parecia até sonho. E, pendurado nessa mesma árvore, um balanço caseiro feito pelo meu esposo para o nosso filho.

Eu estava tão boba olhando nosso jardim que até esqueci de dizer a você, leitor: bem, eu e meu esposo temos um filho chamado Régulus. Sim, o nome foi ideia dele também. É o nome de uma estrela. Meu esposo, Lu, é meio doidinho, mas fazer o quê? Eu me apaixonei e agora é tarde demais.

Nosso filho tem oito anos e está na escola. Meu esposo é um bom pai, um tanto rígido e meio carrancudo com crianças, mas ainda assim excelente: sempre ensinando o melhor. Bem, olhando para o balanço aos pés do ipê, consigo imaginar meu esposo, eu e nosso filho ali: eu sentada no gramado, entre as pétalas de flor, e meu amado brincando com nosso menino, falando coisas de homem, papo de garoto para garoto, enquanto os sabiás cantam à nossa volta e o sol se põe.

Ainda com a toalha da mesa em mãos, perdida nesses pensamentos lindos, sinto uma mão em meu ombro que me faz despertar. Era Lu. Ele me abraça de lado, sem dizer muito, e passa a observar tudo aquilo: nossa casa, nosso terreno, nossas árvores e flores. Não deixo de sussurrar:

— Eu estou tão feliz...

Ele nada responde. Era assim mesmo, tinha dificuldade com palavras. Apenas me beija no rosto e aperta mais o abraço. Só depois de um tempo diz, em tom baixo:

— Obrigado por me fazer feliz.

Eu o olho, viro-me e o beijo delicadamente nos lábios. Ele então dá apenas um sorriso bobo — um sorriso que só dá para mim. Pega sua mochila de trabalho, entra na garagem ao lado da casa, liga o carro e parte. Mas, antes de sumir na distância, ainda consigo vê-lo mandar um beijo e um “tchau” para mim pelo vidro.

Volto para a cozinha, coloco a toalha de mesa em seu lugar e simplesmente recomeço minha rotina. Logo meu filho e meu esposo chegarão para o almoço. Quem sabe hoje não sairemos para jantar fora ou pediremos pizza para comer enquanto assistimos a um desenho animado?

Quem vê, principalmente você, leitor, pode pensar que minha rotina é chata, cansativa, enjoativa. Mas você não sabe: para mim, cada dia é uma aventura ao lado dos que amo. Batalhei tanto nesses últimos dez anos para que nós dois — eu e Lu, e agora Régulus — tivéssemos a vida que merecíamos ter.

Todos os meus sonhos foram realizados: namorei com meu atual marido aos dezenove, terminei a faculdade aos vinte, casei-me aos vinte e dois e tive meu filho aos vinte e quatro.

E agora, aos trinta e poucos, sou perfeitamente e completamente feliz.

Na manhã seguinte, em um sábado ensolarado, vejo o mesmo jardim e o mesmo ipê. Vejo também meus maiores tesouros conversando perto do balanço. Não deixo de sorrir, indo até eles para fazer companhia.

E o pensamento que me vem à mente é sempre o mesmo:

Estou finalmente feliz. Estou bem.

❖❖❖
Notas de Rodapé

TERMINEI

AI AMEI TANTO ESCREVER ESSA FOFURA QUE CONTEM TODOS OS MEUS SONHOOOOOOOOS AAAAA

CACETE

QUE ESCRITA MARAVILHOSA DE SE FAZER!!

ENFIM ESPERO QUE TENHAM GOSTADO

BEIJÃO DA ESTRELAAA

Apreciadores (1)
Comentários (3)
Postado 24/10/19 12:13

Eu.... nem sei o que comentar , minha doce e querida Sah. Foi sublime e lindo. Digno de ser guardado no tesouro sagrado do meu coração, que há muito te pertence

Postado 03/06/20 19:46

Que texto fofo, imaginar seu futuro com todos os desejos realizados é muito inspirador.

Agradeço por compartilhar sua obra.

Assisnado alguém que ama os ipês sejam eles amarelos, roxos ou rosas, <3

Postado 03/06/20 22:22

Seria tão bom se fosse possível. Mas não é . Você mudou. Eu mudei.

E aquele lucas que conheceu já não existe mais