Ontem, ao fechar os olhos, sonhei contigo. Foi algo tão doce, uma doce realidade, de fato.
Tu te aproximavas de mim vagarosamente, fazendo com que eu, instintivamente, suspirasse. O ar saiu quente dos meus pulmões, e o fogo que habitava meu coração parecia envolver tudo ao redor...
Consigo me recordar da delicadeza das tuas mãos acariciando minha face com tanta suavidade. Não consegui evitar: meus olhos se fecharam por alguns segundos, apenas para apreciar aquele momento.
Era mágico. Eu parecia estar voando sem tirar os pés do chão. De repente, senti você se inclinar e depositar um beijo sobre minha testa, dizendo que tinha que ir.
E foi nessa hora que eu quis dizer aquelas palavras — as três palavras que fazem toda a diferença. Eu queria tanto dizê-las que aquilo me queimava por dentro.
Até mesmo abri os lábios para falar, mas os fechei quase no mesmo instante. Eu estava com medo.
Medo do que aquilo poderia acarretar. Mas então pensei: *“Até quando a porta que bloqueia minhas vontades vai existir, roubando tudo de mim?”*
E, num tom quase inaudível, eu disse que te amava. Repeti aquilo duas vezes, tamanha era a vontade acumulada.
Tua reação, lembro-me bem no sonho, foi impagável.
Aquela risada gostosa e delicada ecoou nos meus ouvidos, formando um riso sem jeito. Você estava tão surpreso quanto uma criança que vê uma montanha-russa pela primeira vez.
Senti a ponta dos teus dedos se enroscar em meus cabelos, teu olhar fixo no meu, olho no olho. Então... aconteceu.
O momento que sempre idealizei. Não era o melhor lugar, não havia um belo jardim, nem um vento agradável para nossos cabelos esvoaçarem como nos filmes.
Mas, ainda assim, foi tão lindo.
Quando disseste: *“Eu também amo você.”*
Foi tudo para mim. Tudo o que eu poderia desejar. Meu estômago estava repleto de borboletas, a ponto de eu poder levantar voo com facilidade, apenas pelo bater de asas delas.
Eu não queria ir embora. Nem que você fosse. Não agora. Agora que eu sabia, queria apenas ficar.
E sabe lá Deus quando nos veríamos de novo, se eu partisse!
Aquela presença agradável notou minha faísca de preocupação. Sempre rápido em sua percepção, disse que nos veríamos logo — e me abraçou ternamente.
Como eu queria que durasse para sempre...
E, com a tranquilidade que ele sempre me fazia sentir, eu parti. E ele também.
Segui em frente. Meu amor era tão imenso que seu tamanho se equipararia ao de uma VY Canis Majoris, a maior estrela conhecida.
Sorri com a comparação feita em minha mente e, antes de despertar do sonho, lembrei-me pela última vez daquelas três palavras tão importantes.
Despertei sorrindo. Sabia que logo ficaria triste, por saber que era apenas um sonho, e que ele estava tão distante da realidade. Então olhei para mim mesma e vi todo o mundo de alegrias desabar ao perceber quantos defeitos eu tinha — e que nunca seria a “escolhida” da pessoa que eu tanto almejava.
Mas tudo bem. Um novo dia começava. Eu levantaria e faria as mesmas coisas de sempre, tentando não demonstrar que estava sufocada com meu corpo, com o amor que me esmagava...
Mas eu superarei. Sou adulta o bastante para perceber que a vida é isso: desejos não realizados que nos sufocam, que nos tiram da tristeza e, ao mesmo tempo, nos colocam nela.
Está tudo bem.
Foi só um sonho.