Em um certo dia, um inesquecível dia, nós nos encontramos pela primeira vez. Foi um acaso do destino, um grato acaso do destino. Mas de tempos em tempos a gente sempre se desencontra, e nesses momentos me sinto tão perdida, com medo de não conseguir nunca voltar para você.
A única certeza é que estamos sob o mesmo céu. Nós respiramos, mesmo que distantes, o mesmo ar. E durante a noite podemos ver a mesma lua no céu. E isso me basta para saber que vale a pena continuar vivendo, pois assim, mesmo completamente separados, ainda temos todas essas coisas poéticas em comum.
Eu posso não conhecer tudo a seu respeito, mas o que sei já me foi suficiente para me apaixonar perdidamente por ti. E eu sou muito grata por ter te conhecido, pois entre os milhões de pessoas nesta Terra, eu pude ter o privilégio de chegar até você.
Fui covarde antes, e fugi. Mas agora que voltei, eu finalmente consegui ser sincera com você. Sinto que já posso morrer em paz, pois tudo vale a pena se for feito ou dito com sinceridade. E eu usei toda a sinceridade do meu ser para me declarar para você.
Os flocos finos de neve, se eles fossem capazes de cobrir o nosso coração de branco, nós seríamos capazes de compartilhar a nossa solidão? Aqui no Brasil não neva, então gostaria de poder ir junto com você até o Japão, e lá conhecer essa neve que iria entrar em nossos corações.
Queria tanto poder encostar minha orelha em seu coração, sentir seus batimentos cardíacos, e ouvir a voz em seu âmago, pedir desculpas pelo passado, e nos sentirmos livres para nos encontrarmos de novo.
Queria poder lhe entender melhor. Queria chegar ao fundo de sua alma, e não apenas acariciar a parte superficial. Queria ser capaz de mergulhar em sua imensidão.
Os flocos finos de neve são tão frágeis diante da eternidade. Igual nós. Nossas pessoas verdadeiras são frágeis, e algum dia vão morrer. Mas nossos seres imaginários são, sim, eternos, e estarão eternamente juntos, se amando.
Nossos corações às vezes oscilam, mas eu queria tanto que eles oscilassem e batessem juntos, no mesmo ritmo. Sei que agora, provavelmente, não podemos. Assim como nunca pudemos antes, e talvez nunca poderemos depois. Mas meu desejo nunca vai mudar, de que fosse possível preenchermos nossos corações com os flocos finos de neve, que cobririam nossa solidão, e nos levaria, juntos, direto para o céu.