Katrina nem podia acreditar que chegara o grande dia. Foram meses se preparando para o seu suntuoso destino...
Como única filha do mais poderoso nobre da Baviera, o castelo em que morava chegava a ser comparado ao do rei.
Seu pai, o grande duque, além de nobre tinha grande tino para os negócios e ao contrário de outros nobres soubera multiplicar o tesouro de seus ancestrais quadruplicando seus domínios e tendo um poderoso exército.
Era amigo íntimo da família real alemã, um homem formidável, carismático e honrado por todos.
Inimigos, ele até os tinha, mas na mesma medida em que era amável e cordial, sabia ser implacável com aqueles que ousassem enfrentá-lo, a última vez em que dera provas de seu furor renderam lendas e um respeito por parte dos outros nobres que o temiam muito mais do que ao rei da Alemanha.
Devido a isso o rei propos-lhe um grande negócio...
O grande duque de Alba crescia em poder e tinha como objetivo que seu filho mais velho fosse rei de Portugal.
O príncipe reinante era uma criança frágil e parecia indiscutível que jamais chegaria a idade adulta, não havendo outros herdeiros o duque e seus filhos estavam entre as cinco famílias mais próximas da linha de sucessão.
O rei da Alemanha e o duque eram amigos íntimos e ele desejava que seu filho mais velho se casasse com uma nobre de Alemã para unir forças por laços de sangue.
Como todas as filhas do rei já haviam sido desposadas, o rei desejava que a filha do duque de Baviera desposasse o filho do duque de Alba e talvez se tornasse a futura rainha de Portugal!
Era uma grande proposta, mas que vantagem o duque de Alba teria com esse consórcio?
_O dote, meu bom amigo, o dote e seu auxílio militar! Bem sei que seu exército é quase tão poderoso quanto o meu e que sua fortuna se iguala a minha, se é que não me sobrepujas... - disse o rei piscando o olho.
_Sendo assim, o que posso dizer?! Que se faça a vontade de sua majestade! Mas quais os termos do contrato?
_O emissário do duque de Alba se encontra aqui e irá falar-lhe pessoalmente, meu caro _ respondeu o rei em excelente humor.
E dois anos haviam se passado desde essa conversa e Katrina teve que aprender o Castellano e a história de Portugal, bem como os títulos de nobreza, a árvore da família e tantas outras coisas...
Sorte que o pai sempre prezara pela educação de todos os filhos igualmente e ela já sabia as línguas antigas, um pouco de filosofia e cálculo, se não fosse isso, estava perdida!
Também teve que aprimorar sua beleza com diversos tratamentos, exercitar-se, aprender a montar, a caçar e a jogar cartas e outros jogos comuns na corte portuguesa, fora um período árduo de preparação, mas agora chegara o grande dia!
A festa fora belíssima, digna de uma rainha! Todos os nobres do reino trouxeram seus presentes, e ela, nunca se sentira tão bela, tão nobre e tão poderosa...
Contudo seu coração estava a mil, saia-lhe pela boca! Era hora de cumprir suas funções de esposa, como seria isso? A mãe e a ama lhe explicaram quão rudes eram os homens e que ela apenas deveria calar e ceder a tudo que o esposo fizesse.
Seu peito arfava, por mais que tentasse não conseguia se acalmar...
Disseram-lhe que estaria nua perante ele! E ela mal o conhecia... Era belo, apesar de ser bem mais velho que ela, ela agora tinha 17 anos e ele 32!
É verdade que foi bem gentil com ela, usava palavras que a faziam arrepiar pela entonação da voz, mesmo não sendo palavras indignas... Disseram-lhe que seu pai o havia feito estudar na Itália e também na França para que tivesse conhecimento de como funcionavam essas grandes nações e pudesse ser um grande rei!
Como eram diferentes! Ela nunca havia saído de sua cidade, mal saía do castelo, nunca sozinha.
Virgem, totalmente pura, mal conseguia entender algumas conversas que por acaso escapavam em sua presença...
E agora ia consumar o casamento! Vieram suas damas de companhia e a preparam, nem acreditava, agora tinha seis criadas para cuidar dela! Três de sua terra e três vindas de Portugal.
E ali estava ela, com uma bela camisola vinda da França, disseram-lhe ser presente do noivo e que ela deveria usar nas núpcias.
Estava bela, sem dúvida alguma! Os longos cabelos cacheados, caindo em ondas cintura abaixo, a pele rosada e sedosa depois de tanto tratamento de beleza, o corpo roliço, mas totalmente firme e bem torneado, há quem a comparasse com aquelas estátuas das musas gregas...
Todas saíram e o esposo entrou sorrindo...
_Boa noite minha linda criança, como és formosa! E como tua visão me agrada!
Ele chegou-se até ela, deu-lhe um beijo na testa e a fez se sentar na penteadeira.
Começou a mexer em seus cabelos, enrolava os cachos nos dedos e suavemente dizia em seu ouvido:
_Calma criança! Não tenho pressa, tu és uma flor que quero fazer desabrochar...

