No caminho da escola
Nilton Victorino Filho
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 06/11/20 10:22
Gênero(s): Cotidiano
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
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Palavras: 482
[Texto Divulgado] "O Jarro De Carne" O recém formado doutor Haward, inicia sua jornada de trabalho ao lado de seu mentor. Juntamente com sua equipe, ele inicia um experimento que mudara, para sempre, o futuro da humanidade.
Livre para todos os públicos
Capítulo Único No caminho da escola

Quando o grupo escolar do Educandário Dom Duarte foi fechado e os internos foram transferidos pro Attiê,só foi trocado o local da baderna, pra chegar na escola se fazia necessário uma boa caminhada.

À princípio, todos seguiam a estrada da horta, beirando o lago do 24, se seguia uma estrada de barro que tinha do seu lado esquerdo a horta do japonês e do direito uma plantação de mamonas, paralela à avenida Eiras Garcia, ao contrário da avenida, essa estrada tinha uma leve inclinação e os internos chegavam pelo fundo da escola.

O colégio tinha uma grande área geográfica, seus pavilhões eram distribuídos de forma aleatória, em alguns caso, a distancia de um pavilhão a outro não se fazia em menos de 40 minutos de caminhada.

E então, meninos do 20 ficavam parados no grande Carvalho da encruzilhada, pra esperar a turma do 11, nesse meio tempo, outras turmas se juntavam ao bando e partiam pela estrada, na hora da volta, o processo se repetia, ficavam esperando o grupo crescer do lado de fora da escola e iam de volta pros pavilhões, geralmente fazendo guerra de mamonas ou cantando, na encruzilhada do Carvalho, cada turma seguia o seu caminho.

À certa altura desse tempo, a Eiras Garcia foi pavimentada e a ordem nova era que todos tinham que ir pra escola nesse novo percurso, agora o caminho tinha que ser pela portaria do seu Felipe e seguido pela calçada que beirava a avenida, e a espera agora se dava na frente da portaria, quando a turma estava grande, partiam todos pra escola nova.

Mas, todos sabem que muito menino junto sempre dá o que não presta.

O seu Valdemar era sapateiro e morava quase vizinho ao E.D.D, alguns meninos associaram os sapatos à carne e perguntou pro homem se ele vendia carne, o homem era bruto e respondeu à altura:

_Carne é a PQP, seu filho da...

A reação dos meninos foi imediata, muito riso e em seguida veio a galhofa, daquele momento em diante, os meninos passavam pela sapataria e gritavam"Carne" até o homem aparecer, quando ele aparecia, gritavam em couro e corriam pro E.D.D.

Já cansado de ser atormentado pelos guris, um dia armou-se de uma garrucha e ficou esperando, quando os meninos passaram, brandiu a arma no ar e mandou que eles gritassem, se tinham coragem.

Ouve um silêncio, os meninos enfim tinham perdido, o seu Valdemar falou poucas e boas, os meninos ouviram em silêncio, silêncio coagido.

Certo da vitoria, o seu Valdemar entrou na venda, depôs a arma embaixo do balcão, a turma estava lá, parada com o sol em seus rostos.

Com a sensação de quem havia vencido uma guerra, o homem jogou os cotovelos no balcão e olhou pro céu.

Ao vê-lo desarmado e com ar de paisagem, riram, gritaram "CARNE" e correram pra portaria.

O seu Valdemar era pai da minha grande amiga Verônica.

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Comentários (2)
Postado 03/01/21 23:12

Meus deuses, que loucura KKKKKKKK. A audácia desses meninos não tinha limites! Que perigoso!

Obrigada por compartilhar conosco!

​Parabéns, Nilton ♥

Postado 12/10/21 13:16

Tadinho do Valdemar, crianças às vezes são bastante malvadas hahahaha

Suas memórias são sempre tão ricas de detalhes!

Sempre fico feliz de por ler elas <3