Emi — Cinco patinhos foram passear, além das montanhas para matar!
Ada — A mamãe gritou: “Venham para cá!”, mas os cinco patinhos já haviam matado uns aos outros. Fim!
Emi —Muito bela essa história.
Ada— Poética, eu diria. Chego a me emocionar.
Emi — De fato. Linda reviravolta. Mas, no final, não sobrou um patinho?
Ada — Sim. A mãe subiu as montanhas para procurar os patinhos. Só encontrou corpos. O que ainda estava vivo se aproveitou do estado mental da mãe e matou ela.
Emi — Uau! Não esperava por essa.
Ada — Tem mais. O pai, que tinha ido comprar cigarro, apareceu bem na hora! Ele foi morto também, é claro. Depois, o patinho vermelho pulou no rio, para se limpar. Dizem que ele nunca mais foi visto.
Emi — O filho espancou o pai antes, não?
Ada — Claro que espancou. Eu só estava tentando encurtar a história.
Emi — Eu soube que ele espancou até quebrar o saco de fumaça que ele chamava de caixa toráxica.
Ada — O patinho queria saber se o pai tinha realmente ido comprar cigarro. Ele abriu para confirmar, mas o pulmão do pai estava muito limpo. No final das contas, o filho não sabia o que o pai foi fazer. Eu suspeito que ele não ligava muito para o motivo.
Emi – Afinal, patos não fumam... Eu acho.
Ada — Pois é.
Emi – Ah! Patos fumam!
Ada – Fumam?
Emi – Fumam!
Ada — Como você descobriu que patos fumam?
Emi – Patos não fumam!
Ada — Não?
Emi — Não!
Ada — Mas você disse... Explique.
Emi — Eles não fumam. Eu não sei o motivo, mas eles não fumam.
Ada — Então, o que o pai foi fazer?
Emi — Também não sei.
Ada — Agora que ele morreu, não tem mais como descobrir. O que a gente faz?
Emi — Ignora. Afinal, ele é apenas mais um pato.
Ada — Você tem razão. É apenas mais um pato em um lago cheio de patos mortos.
Emi — Exato. Vem, vamos voltar para casa.
Emi segurou a mão de Ada e a guiou por um estreito caminho de pedras. Os dois desceram as montanhas em silêncio, mas não sem deixar um rastro vívido de sangue pelo caminho, e vários patos abatidos às margens de um lago.