a million days
Andromeda
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 15/10/22 02:29
Editado: 15/10/22 02:30
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 6min
Apreciadores: 2
Comentários: 2
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Usuários que Visualizaram: 7
Palavras: 808
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

Rogelio de Egusquiza - Tristan and Isolt (death).

Capítulo Único a million days

Celeste amava ver o céu pela noite. Era por isso que estava ali, observando a lua minguante brilhando acompanhada pelas estrelas. O campo esverdeado dançava conforme a ventania continuava, esvoaçando os fios platinados e o vestido longo que o ser celestial usava. Ainda encarando o céu, o arcanjo sentiu quando ao seu lado o demônio apareceu.

A presença dele era esmagadora; trazia um fervor de sentimentos divergentes, mas que, estranhamente, a acalmava.

Daemon, assim como Celeste, trajavam roupas comumente humanas. Ali, ao menos, eles pretendiam ser tão medíocres quanto uns. Ali, mesmo que por ventura, eles ousavam deixar florir o amor que sentiam um pelo outro. Longe de seus deveres, longe da causa que os dividiam à parte, distante da guerra celestial que castigava os céus e o inferno.

A platinada suspirou, sentindo a tristeza invadir seu peito. Sempre fora devota e o sentimento ambíguo de encargo e paixão fazia seu coração transbordar em pesar.

— Estás tão bela — ele a elogia e ela, sem poder evitar, sente o coração ser invadido pelo sentimento cálido.

— Não seja tão bajulador, Daemon — O arcanjo brinca. Ambos riem, apesar dele ser mais discreto. Daemon sempre fora assim: reservado, calculista e ambicioso, afinal, ele era a personificação da ganância.

Ele então toca em sua mão, numa carícia íntima e singela. Apertando-a, sentindo-a; o demônio poderia não demonstrar, mas sentia medo de que um dia fosse perdê-la por sua própria estupidez. Temia ser possuído por sua própria cobiça, o submetendo a ações que lhe custasse o que construíram sob uma linha tênue. Talvez fosse os sussurros dos demônios em seu pé de ouvido, quiçá fosse uma premonição.

Mas Daemon não estava disposto a perdê-la assim tão fácil; a amava intensamente, afinal.

Não sabia explicar quando a curiosidade deu lugar ao amor que sentiam. Não sabia quando os olhares, antes temerosos, ameaçadores, deram lugar à gentileza, à admiração, ao desejo. Daemon sabia, no entanto, dizer quando ele se rendeu ao sentimento tão estranho e humano que enchia seu coração. O fizera muito antes dela, poderia afirmar. No fim, só um humano poderia amá-la como ele o fazia.

Lembrava-se como, em sussurros melancólicos, ele revelou quem era: não um demônio, não um anjo caído, mas sim um homem, cujo a ganância contínua o levou à uma vida de servidão nos confins do inferno. E agora, ali estava ele: um homem, um demônio. Ambos e um só.

Celeste o puxou de encontro a um abraço, no qual ela pousou a cabeça no peito dele. A saudades se vai pouco a pouco, à medida em que ele a prende mais naquele enlace quase taciturno. O coração do demônio bate lentamente, quase parando, em contraste ao dela, que era tão vívido quanto a mesma. Ele lhe tocou os cabelos, afagando-os; e ali, sob a luz do luar, Daemon a conduziu para um beijo, com devoção. E ela, sem pestanejar, corresponde ao ósculo cálido.

Ele a segura pela nuca, trazendo mais controle ao beijo; e ela, em ousadia, o invade com a língua, trazendo um fervor apaixonante consigo. Celeste o deseja ainda mais quando o aperto em sua cintura se faz presente, quando ele com urgência a traz para mais perto, pressionando-a sob seu peito. Daemon puxa o lábio inferior entre os dentes, fazendo-a estremecer desejosa.

Fazia muito tempo, ele notou, muito tempo desde que a vira pela última vez, meses atrás. Novamente, o dever deles os impedem de seguir o romance coibido. Mas é ali, na luz do luar, que eles se rebelam para vivenciar a efervescência daquela paixão.

Mesmo que fosse pela última vez.

— Eu te amo — ele sussurra, com temor que os ventos fossem espalhar o seu segredo. — Agora e eternamente, eu a amo.

Ela o beija com firmeza, embaraçada o suficiente para não conseguir corresponder às palavras. Ele a deita na grama, suas mão tomando um caminho perigoso até o colo dela, que estava entregue aos toques. Ele se encaixa entre suas pernas, descendo os beijos molhados pelo pescoço da platinada, roçando sua ereção proeminente nas coxas delgadas; ela geme deleitosa, a respiração descompassada, os toques mais urgentes à medida em que ele se desloca.

Porém, em um ato abrupto, ele para. Afasta-se, temeroso, e Celeste estranha a situação.

— O que houve? — ela perguntou, segurando o vestido com força, ainda sentindo as sensações dos lábios dele contra sua pele.

— Eu sou ganancioso, Cellie. Quero tudo por inteiro — ele pontua, mas ela não entende. O coração bate forte e a hesitação ali não parece bem-vinda. — Não vou querê-la pela metade.

Ela pausa por um instante, entendendo o peso das palavras dele. Como um arcanjo, Celeste nunca tinha sentido o desejo da carne. Mas ali, com um demônio em seu ouvido — e pele, e boca… —, a tentação havia-se feito presente; e ela nunca quis tanto pecar como queria agora.

— Então me tenha por inteiro.

E ele a teve.

❖❖❖
Apreciadores (2)
Comentários (2)
Postado 15/10/22 14:30

Como isso pode ser um capítulo unico? Cade toda a saga que eu já estou completamente devota? Amores proibidos são os meus favoritos e esse ganhou um pedacinho reservado no meu cérebro.

Andromeda, você faz juz ao seu nome quando consegue me fazer imaginar coisas que não são desse mundo. Obrigada por esse vislumbre lindo que vai me fazer ficar pensando n' "o que aconteceu" ou "como chegaram até aqui" e "meu Deus como isso vai se resolver". Você é incrivel.

Postado 16/03/23 15:37

Que prazer que é ter você aqui, Lovely!

Fico muito feliz em saber que esse romance causou tudo isso kkk eu amo escrever sobre amores proibidos! Aqueles em que eles se amam até fim mas não podem ficar juntos? Me prendem demais! No fim, não consigo resistir e acabo escrevendo.

Muito obrigada por dedicar um tempo à minha história! Sei que a maioria aqui não gosta muito de textos com mais de 500 palavras, por isso me sinto muito feliz quando me dão essa oportunidade ♥

Postado 15/10/22 19:40

GENTE, O QUE ROLOU???????????? Quando o texto chegou no final, eu fiquei encarando a tela do computador, me questionando onde estava o restante, esperando com esperança que a continuação para o que houve entre eles simplesmente surgisse diante dos meus olhos...

Mas tudo bem!! Amei a construção, o romance, a intensidade, os diálogos. Tudo é apaixonante, mas principalmente os personagens. Eu leria calhamaços por eles (juro, eles já são meu tudo).

Obrigada por compartilhar conosco

Parabéns, Andromeda ♥

Postado 16/03/23 15:19

Eu tinha todo um projeto para com eles, não minto, mas quando escrevi essa cena notei que não importasse o quanto eu quisesse explicar, nada, nem nenhum outro paragráfo se equiparia a esses.

Por isso me enche de felicidade saber que mais gente gostou do que eu fiz aqui ♥ quem sabe um dia o amor de Celeste e Daemon possa me inspirar mais vezes.

Muito obrigada pelo apoio sempre <3

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