Pior seria se pior fosse
Tháiza Lima
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 13/04/16 15:36
Editado: 05/09/16 14:53
Gênero(s): Comédia Crônica LGBT
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 8
Comentários: 4
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Palavras: 479
[Texto Divulgado] "Apenas o momento " Luísa foi ao bar sozinha o que pode ser muito bom ou muito ou muito gostoso
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Eu precisava tirar essa música da minha cabeça de algum modo.

Capítulo Único Pior seria se pior fosse

“Pelas marcas de pneu nas suas costas

Vejo que também andou se divertindo

Ora, mas pior seria se pior fosse, pois”

- As mulheres são criaturas do sexo feminino. – Cantou o rapaz atrás da menina ruiva.

O professor de biologia parou de escrever no quadro e se virou para encarar o aluno, sentado na segunda carteira na fileira do meio. Aquele aluno geralmente não abria a boca, mas no dia, enquanto o professor executava uma canção de sua época de adolescência, o rapaz se juntou na cantoria.

Todos os alunos se viraram para encarar o pobre do garoto, que devolvia o olhar sem entender qual era o problema. Claro, ele estava copiando toda aquela coisa de platelmintos e nematelmintos, porém, isso era motivo de ele não acompanhar a letra de uma das músicas da lista de mais tocadas de seu celular na última semana?

- O mundo é tão pequeno... – Ele murmurou, o rosto vermelho depois de até a menina ruiva, por quem tentava se convencer de que sentia alguma coisa, virou a cabeça curiosa com o que estava acontecendo. Só de perceber os olhos dela o fitando, ele desviou a face e focou no desenho da estrutura corporal de uma lombriga, o som do risinho dela ecoando em sua mente.

- Que eu lhe procuro e não lhe acho. – O professor voltou a escrever no quadro, cantando aquela música estranha. O resto da turma se acalmou, de volta à rotina de escutar as melodias incomuns e agora mais o murmúrio baixinho daquele garoto tão tímido.

- Onde você andou? – O garoto balbuciou, levantando os olhos para os cabelos volumosos da menina à sua frente. Ele aspirou aquele aroma de morango e framboesa do shampoo dela, o qual era usado toda terça e quinta. Segundas e quartas era dia de abacaxi, e sexta-feira ela vinha com um perfume caro, pois logo depois da escola ela se encontrava com o namorado para almoçarem juntos.

O perfume do namorado dela era sempre o mesmo: nenhum.

- Você me vê todo dia, Raminho. – A garota o respondeu, um quê de riso em seu tom. Quando o sinal tocou a ruiva saiu saltitando de sua carteira até a porta, sem nem virar para olhar para o rapaz que a observava abobalhado.

O professor se aproximou dele, um brilho perigoso em seus olhos, e o encarou enquanto o garoto terminava de arrumar seu material e se levantava para ir para casa.

- Olhe, Pedro, se você nunca dizer a ela o que sente, ela vai continuar brincando com você.

O rapaz, nomeado Pedro Ramos, encarou-o e disse com a maior convicção que conseguiu.

- As mulheres são criaturas do sexo feminino.

Logo, saiu porta afora se encontrar com seus outros amigos, entre eles um rapaz chamado André que roubara seu telefone celular e estava escutando a mesma música que o menino Ramos cantara na sala. Coincidência? Pior seria se pior fosse.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Essa música é da década de 90, acho, e o título é a coisa mais obscena dela, caso alguém se sinta interessado. E essa melodia vicia, hein, volta e meia me vejo cantarolando '-', shuahu.

Enfim, espero que tenham gostado o/

Apreciadores (8)
Comentários (4)
Postado 13/04/16 16:16

Gostei do texto, mas queria tirar uma dúvida, o garoto então era gay?

Postado 13/04/16 21:29

Fico feliz que tenha gostado :3 e sim, o garoto era gay no fim das contas.

Postado 13/04/16 21:21

Acho que já ouvi essa música. Belo texto!

Postado 13/04/16 21:31

Não sei dizer se é uma música conhecida, se bem que o cantor certamente deve ser. Obrigada <3

Postado 19/11/17 17:50

Eu estava precisando mesmo dar uma relaxada com uma boa leitura. Thái, querida, esse texto me deixou bem confusa. Não por falta de coesão, longe disso, mas eu podia jurar que o nosso Pedro era hétero. Para você ver como uma leitura sem prestar muita atenção nas palavras pode causar: cita-se que ele sente alguma coisa pela menina, mas não necessariamente que seja alguma coisa amorosa.

Podia ser ciúmes, não é mesmo?

E a repetição da estrofe da música deixa bem claro para quem quiser entender. Um jogo de palavras maravilhoso que você desenvolveu, moça. A mesclagem entre comédia leve e rotina ficou simplesmente encantador nesse enredo.

Meus parabéns!

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Postado 01/12/17 20:47

A genialidade de suas obras não param de me encantar.

Quando terminei de ler tudo, parei e refleti sobre todas as informações que haviam sido passadas. Eu estava parecendo aqueles investigadores do C.S.I. ligando os pontos num quadro com linha vermelha, rs. Só cheguei à conclusão de que o guri era tudo, menos hétero. Aí li a sinopse e os comentários e confirmei minha teoria.

ENFIM!

Que texto sensacional. Tem um jogo de palavras muito bem elaborado e as ações de Pedro, um tanto quanto engraçadas, devo dizer, levam um segredo.

Me diverti muito lendo, parabéns pela obra, moça!