Para Isa, o amor é como um jardim. Mais especificamente, um de roseiras: elas podem vir de vários tamanhos (pequenas, grandes), de muitas cores (branco, amarelo, rosa, vermelho) e até serem tingidas, mas, apesar da beleza das pétalas, os espinhos continuam espetando. E, quão maior o caule cresce, mais espinhos nascem e mais grossos eles ficam. Ironicamente, a garota passava boa parte de seu tempo observando a grande roseira vermelha de seu quintal pela janela, muito longe em seus devaneios enquanto divide os olhares entre as pétalas rubras e o caule castanho, e, quanto mais olhava, mais essa ideia criava raízes em sua cabeça.
Talvez por isso, o par perfeito para Isa e sua mente com ideias muito enraizadas e, vez ou outra (ou melhor, mais vezes do que ela gostaria), espinhenta, fosse justamente aquela florista já experiente, com grande intimidade com as roseiras, as mãos acostumadas com os espinhos e, por mais ásperas que fossem, ainda sim delicadas o suficiente. Cindy sabia admirar as flores, sabia lidar com os espinhos, sabia regar e adubar a terra e, no fim de tudo, também sabia fazer belos arranjos.
Assim, todas as tardes, quando saia da floricultura, sua doce voz chamava por Isa e, só assim, ela saía de seus devaneios e deixava de olhar para a roseira (que crescia cada dia mais com as dicas que ela lhe dava) para olhar para a bela senhorita e os lindos arranjos que ela trazia.
Isa às vezes tinha mais espinhos que pétalas, mas Cindy fazia florescer em seu peito algo muito mais bonito e forte do que as raízes que lhe tomavam os pensamentos.