Esfumaçando no escuro
Do meu quintal empoeirado
Admirando o brilho milenar
De cada estrela
No gigante céu preto azulado
Pensando se não há algum
Espia nas varandas
Dos prédios ao lado
Pensando se vou aguentar
Tantas demandas, ou se me enfado
Sou a ardência no nariz
A insuficiência respiratória
Os sonhos exigentes
Uma nota final satisfatória
Na persistência da memória
Não sei o que venho fazendo
Além de anos a fio
Abrindo abismos em fendas
No meio tempo tive
De criar minhas próprias parlendas
E, se pensa que minhas poesias
E versos são deprimentes
Experimente viver em silêncio
Enquanto a vontade de urrar é plena
Pois essas léguas de falta
Não se medem com trena
Mas, acendo uma vela
Queima sempre reta e alta
Deem boas-vindas
Ao mal que venho vencendo
Por bem mais de uma era
Talvez meus sonhos escondam
Algum tipo de quimera
De onde foi que eu tirei
Essa necessidade incessante
De ser amada por infindas vidas?
Aonde foi que regurgitei
Todas aquelas palavras fecundas?
Juro que nunca fui do tipo
Que cria contendas
Mas parece que alguns queriam
Que eu fosse cega, surda, muda
E principalmente mansa
Mas, a ânsia me escalpela
Com meus próprios dedos
Mesmo assim, faço e venço tudo
Pois devoro meus próprios medos
Deem boas-vindas
À poeta que transforma dores
Em odes secretas