Morava eu na minha terra natal. Costumava todos os domingos sair para trocar revistas em frente ao cinema. E lá fui eu, com minhas revistas na hora da matinê. Cheguei e me encontrei com meus colegas. Eles também traziam revistas. Revistas em quadrinhos.
Era um horário de pura diversão. E, melhor era chegar em casa com revistas novas. Eu as guardava nas minhas estantes. E aos poucos ia lendo-as.
Todo fim de semana aquilo se repetia. O fato de eu sair com revistas pra ir trocar.
Hoje eu me lembro. Aqui sentado escrevendo, daquele trocar revistas.
O tempo voa. Decerto que voa. Hoje meu negócio é ler livros. Leio muito, eu devoro livros. E ouço minha mãe:
- Meu filho leia menos. Ler demais acaba com a saúde.
Eu a obedeço. Pensando em mim, claro, eu a obedeço. E na hora de ir para o trabalho, levo livros numa pasta.
No trabalho, eu como cumpridor do meu dever, trabalho. E nas horas vagas leio.
Até que um dia, leio no jornal que darão um prêmio ao melhor texto escrito. Me ponho a sonhar. Porque não eu?
E sonho. Sonho até demais da conta.
Então escrevo. E remeto para o concurso de textos. Me esqueço daquele concurso.
Até que um dia me telefonam. Eu atendo ao telefone. É de gente que administra o concurso.
Não pulo de alegria porque estou no trabalho. E vou para casa excepcionalmente na hora do almoço. De costume almoço ali por perto do trabalho.
Quando volto ao trabalho já me vesti melhor, tendo em vista o prêmio que vou receber.
E vou receber meu prêmio. À noite. E o recebo. E para recebê-lo chamo minha família para me ver recebê-lo.
Mas o principal eu conto agora. É que nesta época eu era estudante. E ser estudante era um dos requisitos para concorrer.
O mais importante é que eu hoje sou feliz. Ser feliz é o mais importante. Eu me amo demais.
E eu digo sempre: sou um autor premiado.