Era manhã e as primeiras aulas iam ser dadas. Para começo de conversa, veio o professor de Conhecimentos Gerais. E ele deu Bom Dia e foi dizendo:
- Meus caros alunos, Conhecimentos Gerais não são quaisquer conhecimentos.
Um aluno inquieto perguntou:
- Como assim, professor?
O professor disse:
- Não é dificil. Por conhecimentos gerais eu entendo um apanhado de saberes, desses que chamam de Conhecimentos Inúteis.
- Se são inúteis, porque devemos aprendê-los mestre?
- Não é complicado. Você, meu aluno, por acaso acha inútil saber um pouco de Literatura?
- Não, professor. Eu até gosto de escrever.
O professor se animou:
- Então vou lhes falar de Teoria Literária.
Os alunos estavam quietos e atentos. O professor observava. E gostou do silêncio. E disse:
- Algum de vocês acha inútil que no momento de escrever se procure a beleza?
Os alunos se animaram. O professor procurou antes olhá-los. A ver se eles aprontavam alguma chacota. E eles não riram.
O professor continuou:
- Pois é, na ordem das palavras deve-se procurar o que é belo. Não é só colocar uma palavra atrás da outra. No nosso tempo, tenho achado difícil achar um texto belo.
- E o que se deve fazer?
- Deve-se escrever e escrever, ou seja, deve-se ser exigente com o texto. Em arte o que importa não é a quantidade, é a qualidade.
E estava dada a aula. Os alunos saíram da sala, o professor ficou na sua mesa enquanto pegava seus livros. O professor tinha querido ser um artista da palavra. Durante os seus anos de estudo, porém, divisou o seu ganha-pão como mestre. Agora não lhe sobrava tempo. Então veio e se tornou professor.