Eu trabalhava durante o dia. À noite eu ia para a faculdade. Nos fins de semana eu colocava minhas leituras em dia.
E houve um época boa no trabalho. Em que eu podia ler nas horas vagas. De modo que eu pude completar meu curso.
Mas eu pensei: não é caso de eu pedir demissão. Vou esperar a aposentadoria. Estava prestes a me aposentar.
E, de fato, me aposentei. O que eu recebia pelo tempo de trabalho, dava para viver e ainda comprar livros. Adoro livros até hoje.
Sem vínculo empregatício com ninguém, eu também escrevia. Escrever foi um prazer que eu desenvolvi com a leitura.
E, de repente, lá estava nos jornais, havia um concurso de textos.
Então eu escrevi, e mandei para o concurso. Depois de algum tempo, veio o resultado.
Eu havia sido premiado. Fui receber o prêmio. E minha mãe me viu receber o prêmio.
Por que eu disse que minha mãe me viu ser premiado? É que eu tinha um problema, religioso.
Estava afastado da Igreja. A Igreja era a Católica em que minha mãe me batizara. E onde ela professava a sua fé em Deus.
No caminho de volta da premiação para casa minha mãe me disse:
- Filho, posso lhe pedir uma coisa?
- Pode, mãe.
Ela me disse:
- Não escreva nada agora.
Eu não entendi. Até que num domingo ela me chamou. E disse:
- Vamos à missa?
- Vamos, mãe.
E assistimos toda a missa.
Depois da missa, eu a abracei e chorei como uma criança. Não porque eu poderia escrever. Mas porque assim o meu problema estava resolvido.
E eu li num livro:
"Deus é amor."
E fico pensando em minha mãe, que faleceu há seis anos:
"Grande mãe foi ela." E, de fato, melhor que ela não poderia haver.

