Conheci certa vez um autor. Eu que passara muitos anos querendo conhecer um. Me alegrei e tive oportunidade de conversar com ele. Era um autor literário. Eu lhe perguntei, depois de lhe dar um bom dia:
- O que o leva a escrever?
Ele me olhou, desconfiado, e disse em resposta:
- Muitas coisas, depende do momento.
Eu lhe disse:
- Então me diga o que o levou a começar?
- Li em algum lugar que os escritores se expressavam mesmo era escrevendo.
- Ah, compreendo. Mas você tem textos ora pessimistas ora otimistas.
- Eu procuro me colocar no momento histórico. Não sei se o consigo.
- Mas você se preocupa com o leitor?
Ele respondeu, sem titubear:
- Claro, ainda mais nestes nossos tempos.
- E você tem um bom lugar no mercado de livros?
- Você fala de mercado. Não me importo muito com dinheiro. O dinheiro é preciso, mas eu ligo mais pelas respostas que recebo.
- Como assim?
- Vou te dar um exemplo. Escrevi meu texto de estréia, e em resposta recebi uma carta me dando os parabéns pela escrita.
- Ah, sim. Compreendo.
E segui meu caminho. Me vi então em casa. Entre os livros que eu gostava de ler.
E lá estavam os livros daquele autor que eu acabara de conhecer. Eu me lembrei do que ele me dissera: ele ligava era para as respostas.
E pensei:
"Como eu sou pequeno. Quem era eu para dar uma resposta aos autores? Claro, os que o conseguiam, tinham o que dizer."
Porque os livros que eu gostava de ler, me guiavam pelos caminhos da vida.