Vim parar nesta cidade acompanhando minha mãe. E aconteceu de minha mãe morrer. Lastimo este fato até hoje. Embora D.Zózima já tenha me consolado, e eficazmente. Ela apontou para o meu guarda-roupas e disse:
- Você não tem culpa.
Mas aqui estou eu a tentar lhes contar uma estória. Mas antes deixa eu lhes dizer:
'D.Zózima é a empregada, que está comigo há 13 anos.'
Só isso é um belo fato.
O caso é que há pouco tempo esteve aqui em casa uma parenta nossa. E me lembro de que ela, se referindo a ela mesmo, disse:
- Eu sou pé no chão.
O que ela queria dizer é que ela é realista. Eu vejo o realismo dela de um modo que não é o meu. O realismo dela é que ela ficou muito bem de vida. Eu penso que a ambição de todos nós é ficar bem de vida. Uns conseguem, outros não. E se diz:
- È a vida. - expressão que já corre de boca em boca. E o meu realismo, eu o entendo como teórico. Mas estávamos eu e ela conversando na varanda aqui de casa. E eu mostrei a ela duas pequenas roseiras. Que tinham sido trazidas aqui para casa por D. Zózima. E das duas roseiras pendiam duas rosas. Uma em cada roseira.
Ela disse ao ver:
- As duas rosas são de fato bonitas.
Então eu disse a ela:
- Para você ver, brotam do chão da Terra.
E ela:
- O que você quer dizer?
- As duas pequenas roseiras brotam do chão, você não me ouviu?
Ela ficou pasma:
- Ah, sim!
Eu lhe disse:
- E não é só você que é pé no chão.
Ela enrusbeceu:
- É todos somos.
E eu fechei o diálogo:
- Pois é, do pó viemos ao pó tornaremos.
Estava lá em casa ainda uma tia nossa. Que escutava nossa conversa. E disse a nós dois:
- Como estas roseiras, que acabam de nos dar duas rosas, vocês dois precisam é ser mais caridosos.
- Eu sou, tia - me aprecei.
E a parenta:
- Vocês acabam de me convencer, vou ser bem mais caridosa.
E sorrimos todos, a vitória tinha sido de nós três.