Estando eu e mãe em casa, aconteceu de mãe vir e me dizer:
- Meu filho, somos muito pequenos.
Eu respondi:
- Eu sei mãe, acima de nós, Deus.
Ela me olhou e me reconheceu:
- Ainda bem que sabe.
E chegou a hora em que eu tinha que abrir a porta de casa. A empregada ia chegar. Como de fato chegou. Eu disse:
- Entra.
E a empregada entrou.
E fui rezar minha missa. Pela televisão. A minha fé era a mesma se eu rezasse a missa ao vivo.
Naquele dia eu rezei por meu pai, e por meus irmãos. Todos falecidos.
Claro desde que eles faleceram lá se vão anos. Mas nunca os esqueço.
E depois da missa, como já me aposentara, vim para o meu quarto-estúdio ler um pouco. É aqui que além de ler eu escrevo.
Não me sentia um puro espírito de Deus, mas minha alma estava mais leve. E li bastante.
Agora vim escrever no computador. E pensei no que minha mãe me dissera:
- Filho, somos muito pequenos.
E de fato o somos. E é assim pequeno que eu escrevo. Sem nenhuma mania de grandeza. E a empregada me pede:
- Posso arrumar seu quarto agora?
- Claro que pode - e me retiro, vou prá sala onde tem uma televisão. E espero pacientemente. É melhor ter uma empregada assalariada do que ter, como antigamente, uma escrava. E penso:
- O processo de desenvolvimento histórico é lento.