Estava eu aqui diante deste espaço em branco. E tentava imaginar o que eu ia escrever. Nada me veio assim de súbito. Então me pus a elaborar este texto. Sem saber onde ia parar.
E até agora estou aqui. Nada vou adiantar. Mesmo porque não sou futurólogo. Bem quisera eu ser um destes feiticeiros das palavras.
Mas, dirão os leitores: "É só demonstração de modéstia." E eu não tenho defesa para isso.
Então volto a mim: o que escrever? Quando releio tudo que escrevi até aqui. Digamos então que eu trabalho para um jornal.
E me aparece o dono do jornal. E me diz:
- Até agora? E não produziu nada?
Eu olho para ele, assustado. E temeroso. Meu almoço depende disso.
Ele se vai. E demora um tanto de tempo a voltar. E lá vem ele. E olha meu papel. Está em branco.
Os leitores já se riem. Mais um que vai morrer de fome.
Mas surpreendam-se! Porque ele, o dono do jornal, me diz:
- Você hoje não está inspirado. Tudo bem, deixe para outro dia.
Eu ergo minhas mãos aos céus. Patrão igual a este não existe mais.
Ele também é muito religioso, e me dá um tapinha nas costas. E eu faço outra coisa. Mas, aliviado.