A gente não escolhe o que vai viver. Eu era jovem, e a minha juventude era sadia. Além de sadia, eu tinha recursos para me meter numa boa profissão. E foi o que fiz. E ali começava o que chamo de meu périplo na vida.
Hoje aqui observando as idades por que passei, me considero até um bom sujeito.
Fui office-boy. De office-boy cheguei até a auxiliar de escritório. Aquele sujeito que com seus conhecimentos ajuda o patrão a administrar.
De auxiliar de escritório cheguei a escriturário, mas noutra empresa. E agora aqui estou.
E no meio disto tudo, houve a minha vida sentimental.
Gostei de algumas meninas. Mas todas elas só pensavam em casamento.
Casamento, isto é, uma vida amena e confortável.
Mas eu não poderia dar isto a nenhuma delas. Eu era um arrimo de família. E grande parte de minha grana eu gastava com a minha família de origem, aquela onde nasci. Meu pai morreu aos 38 anos. Ficamos eu, minha mãe e meus irmãos.
E assim foi.
Mas tive meus merecimentos. Minha mãe pouco antes de morrer me disse:
- Obrigado, meu filho!
- Porque a senhora agradece, mãe? - eu perguntei.
E ela respondeu:
- Porque o filho foi melhor do que o pai.
E ela faleceu. Eu chorei um pouco. E hoje sinto muita saudade dela.