Qual é o auge da vida?
Te digo:
explodir em sons etéreos
com meu irmão de alma
voz, viola e traumas
olhe, olhe, acho que somos meio gêmeos
os mesmos cabelos enrolados
a mesma escuridão na alma
o mesmo fogaréu no olhar
é que somos ratos espertos
os únicos sobreviventes
de uma rara ninhada
mas, estamos tendo nosso momento
estamos resolvendo a charada
abrimos cervejas e vinhos
dividimos a conta da noitada
pegamos a balança emprestada,
(só três minutinhos)
fumaça branca na noite estrelada
andamos sempre só mais um pouquinho
chegamos na ponte, admiramos
a tempestade vindo ao longe
e os pontinhos coloridos
andando tranquilamente pela feira
você tem aquilo que eles todos odeiam amar:
a fortaleza da opinião,
a sensibilidade de conseguir enxergar
sempre mais do que esperam,
seu dom de ser magnético,
querendo ou não, mas sim,
para eles e para elas,
o poder de ser autêntico,
em uma multidão de cópias
e como isso lhes causa inveja!
sua excentricidade eletrizante
e suave como acordes conflitantes
no nosso eterno violão velho
sua amizade me salva da morte
me salva de mim mesma
é sim, o ápice da semana
esfumaçar e falar asneira
e ouvir músicas que
nos abraçam e nos estraçalham
e chorar de rir a noite inteira
e transpassar a trincheira
entre a realidade e o etéreo
todas as vezes que nos permitimos
não nos levar tão a sério
é bom ter um irmão
desses que não são de sangue
mas são de alma, de espírito, de existência
tenho certeza que em outras vidas fomos da
mesma gangue e sempre só sobrou nós dois
dois cowboys em fuga
dois ninjas barulhentos
a foice e o martelo
um músico alquimista
e uma poeta herege
e no meio de cada guerra, Guilherme,
nos salvamos de explosões
lidamos com profundos cortes e arranhões,
nos vacinamos contra vermes
nossa força para arte nunca some,
ficamos cada vez melhores,
somos artistas completos,
e um dia saberão nosso nome!