Ele trabalhava no grande prédio da Prefeitura local. Lá ele se perdia numa repartição onde trabalhava. Fazia seu trabalho numa mesa. E às vezes escrevia uma ou outra coisinha que guardava consigo.

Foi quando chegou, para também trabalhar, um funcionário vindo do exterior. Este funcionário era um homem idoso, que tinha no seu currículo um dado curioso. Tinha sido premiado como literato num concurso literário de importância. O que aproximou os dois.

No princípio, o funcionário novo o tratava com cuidadosa distância.

Mas foram se revelando um ao outro. Até que o funcionário premiado soube que ele também escrevia.

E como foi? Simples, ele disse ao idoso:

- Eu também escrevo uma ou outra coisinha.

E foi questão de tempo, os dois ficaram amigos. Ficaram amigos a ponto dele apresentar ao idoso sua namorada.

Ela, a namorada, lhe disse:

- Cuidado, você o está conhecendo agora.

Ele então passou a tratar bem o idoso, mas com um pé na frente outro atrás.

Mas com o tempo o idoso ficou amigo do casal.

Mas amigo de verdade. E convidou-os para uma feijoada.

Lá foi o casal de namorados, almoçar a tal feijoada.

E neste dia, voltaram fartos para casa. Dormitaram então em casa como ninguém.

E os três amigos passaram a sair juntos amiúde. Até que o idoso disse a ele:

- Você me disse que escreve uma coisinha. Pode me trazer uma delas?

- Posso, amanhã na Prefeitura me procure. Eu lhe entrego um poemazinho meu.

Ele contou para a namorada. Ela sorriu, mas fez uma advertência:

- Vamos ver o que dá isso!

E passou o tempo. Ele entregou o poema ao idoso. O idoso prometeu:

- Já mandei publicá-lo.

E quando saiu publicado no jornal local, a namorada dele vibrou e disse:

- Meu poeta municipal.