Ele já foi terrível. Dava um trabalho sério. Mas hoje está aí, escrevendo as coisas dele.
E isso é bom porque ele passa o dia lendo ou escrevendo. E o que ele diz:
- Que tive uma juventude agitada.
Eu gosto de ouvir ele dizendo isso. Sinal de que está consciente de si mesmo.
E um dia a mãe o chamou e lhe perguntou:
- Você tem mágoas de alguém?
- Oh, mãe. Claro que não. E o que eu peço a Deus é perdão.
- Perdão porque? - pergunta-lhe a mãe.
E ele responde:
- Porque devo ter feito sofrer.
Aqui a mãe o olha e ela se lembra do próprio marido e diz:
- Pelo que estou vendo, o filho é melhor que o pai. Porque seu pai não pedia nem desculpa.
Ele baixa os olhos, não tem o que dizer. A mãe continua:
- Não precisa se sentir culpado. E nas missas tem o ato penitencial.
- É por isso, mãe, que não perco uma missa.
- Eu tenho visto - diz a mãe.
E ele diz a mãe que agora vai escrever um pouco. A mãe consente.
Ele pensa consigo: "Será que só eu tenho uma mãe com o coração desta minha mãe?"
No seu quarto-estúdio ele pensa nos outros. Cristãmente. E no que vai escrever.
E escreve este texto sem se sentir diferente em nada dos outros.