Coragem de bêbada
Mariana Heloise
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 10/07/25 14:53
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
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Palavras: 526
Não recomendado para menores de catorze anos
Notas de Cabeçalho

Olá, há quanto tempo não escrevo aqui! Hoje deixo essa história autoral.

Capítulo Único Coragem de bêbada

Meus olhos passeavam pelo lugar. Havia várias pessoas distribuídas pelo espaço; elas seguravam uma taça e conversavam. Imediatamente, senti que não deveria estar ali, mas a insistência dele para que eu fosse me fez entrar no recinto contra a minha vontade.

Ao averiguar todo o local, meu olhar caiu sobre ele, o que fez surgir, involuntariamente, um sorriso em meus lábios. Caminhei em passos largos, mas não muito rápidos, até ele, que me recebeu com um sorriso e sua habitual saudação. Um pouco do peso no meu peito se desfez, e assim que as palavras tão reconfortantes deixaram os lábios dele, senti um alívio tremendo me alcançar.

Nossas interações eram uma parte feliz do meu dia. A grande ironia de que eu, a pessoa que dizia com muita convicção que nunca me apaixonaria, contava os minutos para ver alguém era, de fato, algo vergonhoso. Nos meus vinte e cinco invernos passados, nunca senti algo assim antes. Talvez fosse a maioridade que trouxe consigo novos sentimentos, ou talvez fosse porque eu nunca havia encontrado alguém assim antes — a causa era desconhecida. Porém, o causador era alguém bem conhecido por mim.

Seus olhos eram castanhos escuros, e durante as aulas nossos olhares se encontravam frequentemente. Não deixei de notar que, nos últimos dias, quando nossos olhos se cruzavam, o olhar dele fugia brevemente, seguido de um sorriso. Ah, o sorriso. Aquele sorriso causava borboletas no meu estômago como nunca alguém causou antes.

Se alguém me dissesse há dois anos que um dia eu estaria interessada assim em alguém, eu daria uma sincera risada da cara da pessoa, mas aqui estou eu, completamente rendida.

Eu o observei atentamente — as expressões faciais, a forma delicada como seus olhos fechavam quando ele piscava. Ah, talvez eu estivesse me deixando levar demais? Bom, quem se importa? Pela primeira vez na vida, tinha o desejo de chamar alguém para sair. Estava ensaiando o convite há semanas, mas na hora H, nenhum som conseguia deixar minha boca.

Segurei o copo com força, levei-o à boca e beberiquei o vinho. Eu não bebia, isso era fato; contudo, ele havia dito que eu podia, então assim o fiz. Num ato de coragem, virei o copo e depois dele mais dois. Não sei ao certo quando, mas em algum momento ele apareceu e ofereceu um copo com líquido misterioso. Aceitei confiando em suas palavras. Quando experimentei, um sorriso apareceu em meus lábios — era bom. Ele sorria com aquele ar de “eu avisei” e eu bebi tudo o que me ofereceu.

Não sei ao certo quanto tempo conversamos enquanto bebíamos a mistura doce de vinho e Coca, só sei que, em algum momento, num ato de coragem — talvez coragem de bêbada — as palavras deixaram minha boca:

— A gente podia ir, né? Qualquer dia.

Ele me olhou, afastou o olhar, olhou de volta. Brincou com os dedos e respondeu:

— Quer ir hoje?

Sorri com a pressa, mas neguei:

— Preciso trabalhar. Que tal amanhã?

— Pode ser, manda mensagem? — ele disse.

— Posso mandar?

— Pode.

Aquela foi a noite mais agitada que havia passado em meus 25 invernos. Acordei às quatro horas da manhã sorrindo e pensando: “Hoje eu vou ver ele.”

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Apreciadores (1)
Comentários (1)
Postado 10/07/25 21:37

Singelo, doce e romântico!

Que pena que as interações hoje em dia sejam tão virtuais que se perderam esses momentos de paquera e espera...

Obrigada por compartilhar sua graciosa obra conosco!

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