Nunca soube o que era ser eu... e honestamente, não faço ideia de quem sou. Qual das minhas máscaras mantém o controle do corpo que não sinto ser meu.

O sentir da minha pele na minha própria carne me incomoda, não me sinto eu, mas quem eu sou?

Perguntas diárias e pensamentos intrusivos assombram minha mente durante o dia. Que modificação em mim traria o sentir de "eu", que marcas na pele fariam sentir-me em mim?

Me rendi a vícios e adrenalinas. Quando estou bêbada eu sou eu? Quando estou chapada eu me sinto em mim?

Hoje vejo ranhuras na minha pele que sei exatamente de onde vieram, sei cada mentira que inventei para elas e o sentimento que adentrou meu peito ao marcar; Desde a acidez momentânea ao rasgar a pele.

Mesmo que depois traga o aperto no meu peito com a sensação de vazio.

Desde o ardor da bituca pressionada na carne.

Mesmo que traga lágrimas aos meus olhos pela falta de sensação da dor..

Deveria ser normal se sentir em si, assim? Da conexão do meu espírito ao corpo, da minha alma à carne, através daquilo que faz com que a pessoa se afaste de si e da dor?

Talvez por isso eu goste da violência, da dor. De receber a marca de alguém, da adrenalina ao respirar o vento cortante de uma corrida de moto.

Isso me traz ao meu corpo, me traz o pertencimento de um lugar, de alguém.

A adrenalina e a dor me deixam fora do meu corpo de uma forma diferente da sensação cotidiana, por que? Isso me faz sentir-me em mim?

Eu nunca soube o que era ser eu... acho que ainda não sei.