Quando nosso coração é habitado, somos homens de boa vontade.
Claro que um coração habitado, para merecer este nome, é habitado por coisas boas.
E agora imaginem um coração habitado por recordações de amigos.
É o caso do meu coração. E assim estava eu quieto em casa quando bateram.
Fui atender. Abri a porta e vi. Era um amigo que eu não esquecera, apesar de tanto tempo sem vê-lo.
Pedi a ele que entrasse. E ele se sentou no sofá.
Entabulou conversa:
- Sabe porque vim?
E eu:
- Você é quem deve me dizer.
Ele sorriu. Eu o conhecia bem, de longa data.
- Vim saber se você ainda mexe com livros.
- Por que?
- Mexe ou não?
- Eu não vivo sem ler. Compro livros novos todo mês.
- Então vim a calhar.
- Ah, diga logo a que veio.
Ele olhou nos meus olhos e pode ver meu contentamento.
E disse:
- Vim saber se você aceita um convite para escrever.
- Mas, onde?
Me faltou dizer a ele que sim, que aceitava o convite.
Ele falou o título da revista. A revista era semanal e era agora dirigida por ele.
Eu fui à nuvens. E disse a ele:
- Eu aceito.
E meu nome passou a circular. Graças a ele, o meu amigo.
Agora imaginem as pessoas o que vale um amigo. Um amigo vale ouro.