Vivemos uma época sem escolas literárias, como o Parnasianismo e o Modernismo. Uma época de intensa liberdade de criação.
Então aqui vou eu contar do modo que eu sei. Digam, se quiserem, contar no meu estilo.
Vivi uns poucos dias a mais na capital.
Foi quando tive lá uma empregada doméstica insatisfeita.
No último dia que ela foi lá em casa para me ajudar, ela me convidou para uma missa.
Mas a missa seria celebrada numa Igreja que eu não conhecia.
Então pedi a ela que fosse lá em casa, e de lá iríamos à missa.
Ela chegou cedo. E lá fomos nós dois. O ônibus urbano que nos levou nos deixou numa favelinha.
Antes de desembarcarmos o trocador perguntou:
- É aí mesmo que querem descer?
- Sim - respondemos em uníssono.
E seguimos o resto do caminho a pé. E ao chegarmos tinhamos atravessado um trecho da favelinha.
Eu vi seres humanos em situação mais que precária. Senti pena deles. Mas o que eu podia fazer?
E chegamos à Igreja. Que era um prédio muito modesto erguido ali.
Entramos e rezamos a missa. Por sorte eu era católico, e o templo ali também era.
Depois de rezada a missa, voltamos para casa. Foi quando ela me falou:
- Vou para São Paulo.
Eu escutei em silêncio, São Paulo fascina por ser o nosso mito capitalista.
E ela foi. Só me deixou com uma dificuldade, eu ia ter que arrumar outra empregada.
E para que os leitores tenham um final de texto, eu escrevo.
Continuo católico e rezo muito por estas pessoas tão sofridas, que são os nossos pobres.