O Preço Da Vingança
Robson Pinheiro Cruz
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 07/08/25 21:10
Editado: 07/08/25 21:11
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 0
Comentários: 0
Total de Visualizações: 25
Usuários que Visualizaram: 1
Palavras: 393
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Título:O Preço da Vingança

Autor:Robson Pinheiro Cruz

Data:07/08/2025

Capítulo Único O Preço Da Vingança

Lucyan andava pelas ruas como quem carrega um cadáver dentro do peito. O nome dela era Alya — e mesmo morta, era mais viva do que qualquer som que ainda habitava aquela cidade. Seu rastro era perfume na memória, e o silêncio gritava o nome dela em cada esquina onde o mundo fingia seguir.

Na encruzilhada de néon e silêncio, ele encontrou as Damas da Noite — criaturas tão belas quanto perigosas, cada uma com o perfume de uma flor que só desabrocha quando morre. Entre elas, estava a Mulher dos Cabelos Brancos, com olhos cor de maldição e voz feita de deserto.

“Tudo tem um preço,” ela disse, com um sorriso que parecia sussurrar segredos a cadáveres. “Teu corpo poderá morrer, mas tua alma... vagará a troco de vingança.”

Antes que Lucyan pudesse responder, ela soprou um pó negro em seu rosto — e o mundo virou um espelho quebrado.

Visões explodiram em sua mente como granadas silenciosas: corvos rodopiando em espiral, os algozes de Alya sorrindo entre chamas, e o som do seu próprio coração… um tambor de guerra ensanguentado.

Quando voltou a si, a dama não estava mais lá. Havia apenas um corvo. Imóvel. Observando. Antigo como um segredo não dito. Desde então, ele o segue. Silencioso. Fiel. À espera da hora da morte… e do retorno.

Lucyan veio com o barulho do vento — mas era o som do passado que realmente o acompanhava: choros abafados, tiros que nunca cessaram, beijos interrompidos por sangue.

Tinha cicatrizes onde antes havia palavras. E no ombro, sempre ele — o corvo, companheiro das horas que não passam. Como se dissesse:

“Você morreu, mas ainda tem uma última coisa a dizer.”

Seu nome era esquecido pelo mundo. Mas sua memória? Afiada. Viscosa. Perfurante.

Então ele andou. Por vielas que fingiam esquecer. Pela praça onde o riso fora proibido. Até o portão de ferro onde ela havia caído.

“Eu não vim por vingança,” ele sussurrou. “Vim por lembrança. Porque há mortos mais vivos que os vivos.”

E os corvos vieram. Milhares. Rodopiaram no céu como uma maldição viva. Até que o azul virou carvão. E então… o grito ecoou.

Um grito ensurdecedor. Um trovão feito de amor dilacerado. E foi nesse grito que os culpados tremeram — não pela morte que viria, mas pela verdade que se recusava a permanecer enterrada.

Dedicado aos que perderam alguém… e se perderam junto.

❖❖❖
Notas de Rodapé

“Lucyan andava pelas ruas como quem carrega um cadáver dentro do peito.” Metáfora do luto que não se enterra — o peso invisível que transforma o caminhar em penitência.

“O nome dela era Alya — e mesmo morta, era mais viva do que qualquer som…” Alya representa a memória que resiste ao tempo, mais presente que os vivos que esquecem.

“Damas da Noite… com o perfume de uma flor que só desabrocha quando morre.” Alusão à beleza fatal — o fascínio pelo que é efêmero e perigoso.

“Mulher dos Cabelos Brancos… olhos cor de maldição.” Figura arquetípica da feiticeira — mistura de sabedoria, poder e condenação.

“Visões explodiram em sua mente como granadas silenciosas…” A dor da revelação — intensa, mas interna. Trauma que não faz barulho, mas destrói.

“O corvo. Imóvel. Observando. Antigo como um segredo não dito.” Símbolo da vigília eterna — testemunha silenciosa da dor e da promessa.

“Tinha cicatrizes onde antes havia palavras.” A transformação da expressão em ferida — quando o que se sente não pode mais ser dito.

“Você morreu, mas ainda tem uma última coisa a dizer.” A missão que transcende a morte — a verdade como legado.

“Eu não vim por vingança… vim por lembrança.” A redenção pela memória — o amor como força que desafia o esquecimento.

“Um trovão feito de amor dilacerado.” A dor que se transforma em grito — não para punir, mas para revelar.

Apreciadores (0) Nenhum usuário apreciou este texto ainda.
Comentários (0) Ninguém comentou este texto ainda. Seja o primeiro a deixar um comentário!

Outras obras de Robson Pinheiro Cruz

Outras obras do gênero Ação

Outras obras do gênero Fantasia

Outras obras do gênero Mistério

Outras obras do gênero Romântico