Sonhava desde há muito. Vira e mexe lá estava ele. E o que dizia? Dizia:
- Um dia eu vou ser escritor.
Mas estava sem um tostão. Então viu no jornal um anúncio de emprego.
Se candidatou. Fez as provas exigidas. Fez as entrevistas necessárias. E olhou o resultado:
- Aprovado.
Se alegrou. Foi para casa rápido e contou para seus familiares.
A mãe chamou-o e disse-lhe:
- Meu filho, muito juizo. Olhe lá!
Ele disse à mãe:
- Pode deixar mãe. Não vou lhe decepcionar.
E assumiu o cargo modesto para que se fizera apto.
Assim que se familiarizou com o serviço, viu publicado um anúncio de concurso de Letras.
Concorreu e ganhou. Um colega de serviço lhe perguntou:
- Passou a perna em alguém?
Ele retrucou:
- Ora, o que é isso? O concurso era de Letras, nem sei quem eram os outros.
E foi para casa contente no fim do expediente. O pequeno incidente ele o esqueceu.
No outro dia lá foi ele receber o prêmio em dinheiro. Pouco dinheiro. Deu para comprar um par de sapatos.
E foi assim que se tornou um escritor.
E ser escritor não mudou muito a sua vida. E ele já sabia disso desde antes.
E quando depois viu um outro trabalho seu publicado, se alegrou.
Em relação à sua vida anterior mudava era isso. Seu nome junto com o trabalho no jornal de Letras.