A Vida Separa
Aristides Dornas Júnior
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 15/08/25 16:15
Editado: 15/08/25 16:19
Gênero(s): Cotidiano
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
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Palavras: 370
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Capítulo Único A Vida Separa

Aqui estou eu a escrever. E não me canso de festejar, fiz pouco mais de vinte anos de letras.

E escrever, para mim, é a delícia das delícias. Hoje ainda não fiz idéia do que vou contar.

Então me ponho a lembrar de uma tia. Dizia ela:

- A vida separa.

E não é que separa mesmo? Dos primos todos que tenho e tive não os vejo nem sei desde quando.

E por estes dias para trás faleceu um. Era um primo querido. Podem não acreditar.

E por que digo que podem não acreditar? Vou tentar contar. Os fatos são poucos.

Vim para Belo Horizonte, com 17 anos de idade. Tínhamos eu e ele a mesma idade.

E ele foi para o Rio de Janeiro. Passamos longos anos sem nos ver.

Até que ele voltou a nossa cidade natal. Que é São João del Rei.

Eu soube que ele custou um pouco a se readaptar à aquela cidade natal.

Mas enfim ele veio até nós, eu e minha mãe, e perguntou:

- Tia, eu ainda sou da famíllia?

Ao que minha mãe respondeu:

- Claro que é, que bobagem é essa?

Eu pensei: meu pai deixou ao morrer a nossa casa. Como ponto de partida, foi ótimo.

E nós todos lá em casa trabalhamos. Hoje aqui estou, a perseguir a minha escrita.

Eterna perseguição, essa, a de ser um escritor.

E sei também que nenhum escritor é grande porque ele assim o quer.

E eu nem quis ser um grande escritor de muito renome. Tanto que digo:

- A cada vez que escrevo, estou recomeçando.

E isso para mim é um exercício de humildade.

Olho para o Marco e vejo um trabalhador também. É o meu primo.

E humildade para mim é uma virtude.

Tive grandes oportunidades na vida, e vim dar com os costados nesta Academia de Contos.

Mas sou feliz hoje. Como tenho sido há desde não sei quando.

Mas o Marco faleceu. E fico me lembrando:

- A vida separa.

Esse não é um dito exato. Tem-se que entendê-lo.

Ao dizer que ela separa, tem-se que pensar que ela é uma estória que corre no tempo.

E que um dia acaba. Isto vale para mim também. Mas estou feliz por registrar isto.

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