Estou no meu quarto-estúdio. Tentei, mais cedo, imprimir alguma coisa. Não consegui.
Agora mesmo, eu estava esperando uma resposta de minha irmã caçula.
A resposta não veio. Então eu vim escrever, depois de ter rezado uma missa pela TV.
O ter rezado uma missa me fez bem. E voltei-me para cá. Imagino como continuar este texto.
Vou recomeçar. Há tempos conheci um homem que leu uma estória minha que foi premiada num concurso.
Ele se interessou mais do que pela estória. Quis me conhecer. E então é o que relato.
Fomos almoçar juntos. Eu e ele, e ele me fez várias perguntas.
E por fim disse:
- Você precisa ler mais.
Eu ouvi calado. Não me ofendi. Eu mesmo sempre acho que preciso ler mais.
E por fim ele disse:
- Você pensa para escrever?
Ao que respondi:
- Claro!
Ele então olhou-me sério e disse:
- Tente não pensar.
Esta eu não respondi. E o nosso encontro chegou ao fim.
Sem confusão alguma, ele se foi e eu também. Ele era um professor de Letras aposentado.
Mas nada me impressionou muito. Eu vinha de um aprendizado dolorido como escritor.
E fui pensativo para casa. Chegando lá, me recolhi no meu quarto e fiquei pensando.
Como contador de estórias curtas eu tinha aprendido muito por via oral.
O que as pessoas me falavam ou me contavam eu transformava em contos.
Não que as metesse em confusões. Mas ouvia um relato, punha-me a meditar e então via se dava uma estória.
E nisso, me lembrei do conselho dele:
- Tente não pensar.
Para mim isso era impossível. Então, e só então eu tive a resposta ao professor aposentado:
- Mas, eu penso.
É que eu vinha da Filosofia, que era um curso diferente do de Letras.
E quem era eu para fazer a fusão da FILOSOFIA com as Letras.
Embora os cursos tivessem lá suas afinidades, o que aconteceu é que ao ser premiado também fiz um amigo.
E o meu novo amigo, era o professor aposentado de Letras. Alegria no meu coração.