Era uma época em que os meninos pensavam no que fazer depois.
E eu cheguei, já pensando em que curso superior fazer.
Emprego eu tinha, trabalhava num escritório.
Então, convidei os meninos para me seguirem.
Seguirem aonde? Na fundação de jornalzinho mimeografado.
Mas eu sabia que a minha sociedade era hierarquizada.
Trocando em miúdos. Todo mundo no seu lugar.
Então fui à diretoria do colégio.
Precisava da autorização para fundar o jornalzinho.
Obtive mais do que isso. O vice-diretor me autorizou e me concedeu o mimeógrafo do colégio.
Eu pedi aos meninos que me seguiam para escreverem contos e poemas.
Eles escreveram. Eu levei os escritos para casa, e os datilografei na minha máquina de escrever.
E, pronto, mimeografei o jornalzinho.
E divulgamos o jornalzinho. Alguns alunos do colégio onde estudávamos, apanharam o exemplar que lhes oferecemos.
E tudo não passou disso.
E eu aqui quieto no quarto-estúdio estou.
Me lembrei do Transeunte, que era o nome do jornalzinho.
Mas foi uma pena, foi só um sonho.
Hoje em dia, eu escrevo para coletâneas e antologias.
E, por isso, quando me perguntam, respondo:
- Hoje sou poeta, contista e cronista.
E completo:
- E foi difícil chegar até aqui.