Eu estive ausente porque quando eu ia escrever tive de sair para um encontro.
E o encontro aconteceu. E foi muito mais que satisfatório. Me deixou feliz.
Fui e a vi. Ela veio de lá e me cumprimentou. Nenhum de nós sabia o que ia ser.
Eu a cumprimentei e a convidei a se sentar. Ali na mesa de bar.
E começamos a conversar. Eu olhei nos olhos dela.
Ela notou e disse:
- Há quanto tempo, hein?
- Você está com saudades?
Ela pareceu pensar e falou num repente:
- Tirou a pergunta dos meus lábios.
- É, porque eu estou. Estou com saudades.
E ela, parecendo se lembrar:
- Quer dizer que marcou?
Havia muitos anos que não nos víamos. Eu não deixei por menos:
- Claro que marcou.
Ela que não era uma mulher idiota:
- É, mas agora eu sou muito mais experiente.
Para mim ela dizia aquilo sem vergonha. Tinha sido minha namorada.
E ela tomou a palavra a seguir:
- Você também teve suas experiências. Já pode dizer qual sua mulher ideal.
E eu disse:
- Claro, para mim a mulher ideal é a mulher companheira.
Ela riu muito. De modo que fiquei em dúvida.
- Porque se ri?
- Eu quis ser a mulher companheira.
E eu a olhei. E como ela estava bonita.
- Mas naquela época éramos muito novos.
Ela tomou um gole de coca-cola. E me disse:
- Eu sempre quis um homem maduro, experiente.
Eu não titubeiei:
- Maduro eu não poderia ser naquele tempo.
E ela me disse:
- E você me amou?
- Não completamente.
Os tempos agora eram outros.
- E o que você chama de amar completamente?
Eu como homem ali, não pude responder.
Ela me tomou pela mão e no fundo do seu olhar parecia dizer:
- Eu ainda te amo.
Eu então perguntei:
- É verdade que o amor existe?
Ela me olhou nos olhos.
- Existe. Mas exige encontro de almas e corações.
E eu fui fundo:
- O amor torna-se perene no encontro de corações e mentes.
- Você está se referindo a que? - perguntou ela.
Eu:
- À presença de nossos corpos. E ao real acontecer.
Ela:
(Silêncio.)
E quando um homem e uma mulher se amam o que acontece é que se encontram.
Onde? No diálogo.