A criança, com apenas cinco anos, lutava contra o desespero, seus pequenos olhos cheios de lágrimas enquanto clamava por sua mãe. Foi brutalmente deitada em uma mesa de pedra fria, eletrodos sendo conectados ao seu corpo ressoavam como um prenúncio de horror. Uma agulha penetrava sua espinha, enquanto o médico, concentrado e impassível, executava sua tarefa, bem ciente do alto pagamento que recebia por isso.
Duas figuras sombrias, vestidas com mantos cerimoniais negros e máscaras de tortura, se aproximavam, infligindo dor à criança com beliscões e alfinetadas. A inocência dela era violentamente rasgada, sendo submetida a um abuso inimaginável em meio a gritos de desespero. Em um momento aterrador, quando sua vida se esvaía, o médico aspirava o que denominava de “líquido precioso”: o adrenocromo. Apenas dez mililitros dessa substância foram retirados do inocente, o "elixir da juventude" cobiçado por artistas, produtores de Hollywood e milionários.
Na sala adjacente, uma mulher com traços de "Juventude Espectral", envolta em uma capa de veludo negro com capuz, repousava em um ambiente ofuscante. Velas tinham sido dispostas em torno de um pentagrama desenhado com sangue no chão, e a atmosfera estava impregnada com o aroma de ervas e fumaça, criando um cenário opressivo. Um coro uníssono de sacerdotisas de Leviatã ecoava, como se invocassem forças sombrias de um mundo além da compreensão. A conjunção de dor, medo e poder espiritual envolvia toda a cena em um manto de pesadelo, onde o horror da realidade se entrelaçava com as mais profundas trevas da magia.
A atmosfera ficou mais densa, um cheiro de enxofre pairava no ar, uma sombra negra invadiu o ambiente. As sacerdotisas tiraram o capuz da mulher, deixando-a nua, e se retiraram do recinto.
— Está feito — pronunciou uma voz gutural.
A mulher foi tomada por um êxtase. A sombra a cobriu, relacionando-se com ela em um sexo brutal ali no chão frio. A mulher sentia seu corpo queimar por dentro e por fora, suas entranhas alargando-se, um êxtase e terror inimagináveis.
Depois de algumas horas, a mulher acordou com um bode preto ao seu lado, toda suja de fezes e sangue. Uma das sacerdotisas a auxiliou a tomar banho. Depois, ela foi levada para outra sala e se deitou em uma maca só de pijama. Um frasco lhe foi administrado, e uma folha de papel foi entregue para que ela assinasse. A sacerdotisa furou a ponta do dedo com uma caneta de pena, e a mulher assinou um contrato, ou melhor, o pacto, com o próprio sangue.
Selina adormeceu. Pela manhã, levantou-se da maca e, ao se olhar no espelho, não se reconheceu. Via uma jovem de vinte anos ou menos refletida no espelho e quase não acreditou. Mas a que preço?
A cantora se vestiu e se apresentou ao médico que lhe deu as devidas orientações. Deslumbrante, deixou o casarão assustador na serra, voltando ao seu cotidiano, apresentando ao mundo o resultado de "seus procedimentos estéticos".