Lenin desabou ao chão, a visão embaçada enquanto a dor pulsava em seu peito como um tambor cósmico. Cada movimento era um desafio, como se mil agulhas estivessem cravadas em sua carne, cada uma mais afiada que a anterior. O mundo ao seu redor começou a se desvanecer em um turbilhão de sombras, mas antes que a escuridão o engolisse por completo, ele vislumbrou a criatura.
A luz da lanterna tremia na mão de Lenin enquanto ele avançava pelo corredor estreito da nave de carga Erebus. O som metálico de goteiras ecoava nas paredes, e o cheiro de óleo queimado misturava-se ao suor frio que escorria por sua nuca. Ele sabia que não estava sozinho.
Um ruído seco — como garras raspando aço — fez Lenin parar. O ar parecia mais denso, como se a própria nave prendesse a respiração. Então, do alto da escotilha, a criatura surgiu.
Com cerca de 2,10 metros de altura, ela se ergueu com postura ereta e movimentos ágeis, como um predador que já havia escolhido sua presa. A cabeça alongada e lisa, em forma de gota invertida, refletia a luz fraca da lanterna. Não havia olhos — apenas uma carapaça brilhante e opaca, como se a criatura enxergasse por instinto.
Lenin recuou, mas seus pés tropeçaram em cabos soltos. A criatura avançou, revelando sua mandíbula externa repleta de dentes metálicos afiados. De dentro dela, uma segunda boca retrátil se projetou com um estalo úmido, como uma lança viva pronta para perfurar.
A pele da criatura era negra, quase cinza, com textura de exoesqueleto úmido e reluzente — parecia feita de metal orgânico, pulsante e frio. O corpo esbelto e musculoso misturava formas humanas e insetoides, com articulações que se moviam de forma fluida e ameaçadora. Cada passo era silencioso, mas carregado de intenção.
Lenin tentou gritar, mas o som morreu em sua garganta. O Xenomorfo se aproximou, a cauda serpenteando pelo chão como uma víbora. E então, no instante em que a segunda boca se lançou, tudo escureceu.
Com um esforço sobre-humano, Lenin tentou se concentrar, afastando a dor e buscando se levantar. A criatura o observava com um olhar inquisitivo, como um cientista diante de um experimento fascinante. Mesmo em meio ao sofrimento, uma ideia começou a germinar em sua mente: talvez aquela conexão fosse a chave para desvendar o que estava acontecendo, para compreender o que a criatura realmente desejava.
— Quem... quem é você? — Lenin conseguiu murmurar, sua voz quase um sussurro, ecoando como uma prece no vasto silêncio do cosmos.
A resposta poderia ser a ponte entre dois mundos, um alinhamento cósmico que mudaria seu destino para sempre. Lenin não conseguia lembrar que a criatura havia saído de dentro de seu próprio corpo...

