Na cidade de Nanjing, o palácio imperial estava em alvoroço. O exército rebelde liderado por Li Zicheng marchava para a capital com uma força imparável. O imperador, preocupado com o futuro de seu reino, convocou seu conselheiro mais leal, Lorde Kai, conhecido por suas estratégias de lutas e vitórias em batalhas.
Lorde Kai era o chefe da guarda, um guerreiro imponente e temido, com uma reputação que se estendia por todo o reino. Seus cabelos negros e olhos penetrantes transmitiam autoridade e força. Ele sabia que a batalha contra os rebeldes seria árdua e que suas tropas não seriam suficientes para derrotá-los. Desesperado, Kai decidiu buscar uma solução além da compreensão humana.
Naquela noite, sob a luz pálida da lua crescente, Kai cavalgou até a floresta proibida. Ele sabia que, em algum lugar nas profundezas daquela floresta sombria, habitava um demônio antigo chamado Zahad, cujo poder poderia mudar o destino da guerra. Ao chegar ao coração da floresta, Kai invocou o demônio, disposto a fazer um pacto que mudaria sua vida para sempre.
A escuridão envolvia Kai enquanto ele recitava palavras antigas para invocar Zahad. Uma neblina densa surgiu do solo, e uma figura monstruosa emergiu das sombras. O demônio tinha olhos de chamas e uma presença avassaladora.
— Quem ousa me chamar? — rugiu Zahad, sua voz reverberando pela floresta.
— Sou Lorde Kai, chefe da guarda e protetor da Dinastia Ming — respondeu Kai, sem hesitar. — Preciso do seu poder para derrotar nossos inimigos. Peça o que quiser.
Zahad sorriu, revelando presas afiadas.
— Muito bem, Lorde Kai. Eu lhe concederei o poder dos lobos, mas saiba que esse presente tem um preço. Você e seus guerreiros se transformarão em feras nas noites de lua cheia, e suas almas serão minhas para sempre.
Kai aceitou o pacto, plenamente ciente das consequências. O demônio soprou sobre ele uma névoa sombria, enquanto o sangue escorria de suas mãos. Retornou ao palácio com um poder recém-adquirido, pronto para enfrentar os rebeldes. Reuniu seus guerreiros mais leais e revelou a natureza da força que haviam recebido, sem esconder o alto preço que teriam de pagar.
— Senhores, nesta noite, receberemos um poder inimaginável, mas devemos lembrar que ele vem com um custo terrível — disse Kai, observando os rostos preocupados de seus homens. — Nossas almas estão em jogo. Usaremos esse poder para proteger nosso reino, mas devemos estar vigilantes e controlar nossos instintos.
Os guerreiros assentiram, decididos a defender seu reino a qualquer preço. Eles sabiam que sua lealdade a Kai e à Dinastia Ming era inabalável. Naquela noite, enquanto a lua cheia se erguia no céu, Kai e seus homens começaram a sentir a transformação.
Os primeiros sinais foram sutis, um formigamento na pele e uma dor leve nos ossos. Mas logo a sensação se intensificou, tornando-se uma agonia indescritível. Seus corpos se contorciam, ossos estalavam e músculos se expandiam. Pelos começaram a crescer, cobrindo suas peles. Suas mãos se transformaram em garras afiadas, e suas faces se alongaram em focinhos. A transformação era excruciante, mas o resultado era uma força e agilidade sobre-humanas.
Agora, como bestas-lobo, Kai e seus guerreiros se prepararam para a batalha. Suas novas formas lhes concediam velocidade e resistência inacreditáveis.
Eles aguardaram o sinal para atacar, escondidos nas sombras, enquanto os soldados rebeldes montavam acampamento do lado de fora da cidade.
Quando o sinal foi dado, os lobisomens avançaram, uma força letal e implacável. As garras cortavam a carne dos inimigos, e os uivos ecoavam pela noite, espalhando o terror. Os soldados rebeldes, aterrorizados e confusos, tentaram fugir, mas eram implacavelmente perseguidos e dilacerados.
Kai liderava seus homens com uma ferocidade inigualável. Ele se movia com graça e destreza, seus golpes eram precisos e mortais. A batalha durou até o amanhecer, quando os lobisomens retornaram à forma humana, exaustos, mas vitoriosos. Li Zicheng e seus homens foram forçados a recuar, dando à Dinastia Ming um momento de respiro.
Com as forças sobrenaturais de Kai, a maré da guerra começou a mudar. As notícias das vitórias dos lobisomens se espalharam por todo o reino, e o moral das tropas aumentou. No entanto, Kai sabia que essa vitória vinha com um preço alto. A transformação deixava os guerreiros exaustos e vulneráveis, e a maldição da lua cheia pesava sobre suas almas.
As noites de lua cheia se tornavam cada vez mais dolorosas e difíceis de controlar. Os lobisomens começavam a perder o controle de suas transformações, atacando não apenas inimigos, mas também aliados e inocentes. Kai percebeu que a influência de Zahad estava corroendo suas mentes, transformando-os em monstros permanentes.
— Precisamos encontrar uma solução — disse Kai em uma reunião com seus conselheiros. — A maldição está nos destruindo. Se continuarmos assim, não haverá mais reino para proteger.
— O que sugere, meu senhor? — perguntou um dos conselheiros, preocupado.
— Precisamos encontrar uma maneira de quebrar o pacto — respondeu Kai. — Se necessário, enfrentarei Zahad sozinho para libertar meus homens e nosso povo.
Determinados a encontrar uma solução, Kai e seus guerreiros começaram a buscar respostas em antigos textos e lendas. Eles descobriram que, para quebrar o pacto, era necessário um sacrifício supremo: o Alfa teria que enfrentar o demônio em uma batalha final e destruir sua essência.
Kai sabia que essa missão seria sua última. Ele se preparou para enfrentar Zahad, convocando seus guerreiros mais leais para acompanhá-lo até a floresta proibida. Antes de partir, Kai se despediu de sua filha, Jin.
— Pai, por favor, não vá. Podemos encontrar outra solução — implorou Jin, com lágrimas nos olhos.
— Minha querida, esta é a única maneira de salvar nosso povo — disse Kai, abraçando-a. — Você é forte e corajosa. Eu confio em você para continuar nosso legado. Lembre-se sempre do que ensinei: honra, coragem e lealdade.
Jin assentiu, embora seu coração estivesse pesado com tristeza. Ela sabia que seu pai estava prestes a enfrentar o maior desafio de sua vida, e que talvez nunca mais o visse novamente.
Kai e seus guerreiros partiram para a floresta proibida, determinados a enfrentar Zahad. A escuridão envolvia o grupo enquanto avançavam pelas árvores, seus sentidos aguçados e prontos para a batalha.
— Fiquem aqui. Irei sozinho — ordenou Lorde Kai. — Senhor, nós daríamos nossas vidas por essa causa — responderam os soldados, com firmeza. — Não insistam. Já pedi demais de vocês. A lua está prestes a surgir no céu... fiquem longe.
No coração da floresta, Kai encontrou Zahad, à sua espera, com um sorriso sinistro. — Então voltou, Lorde Kai. Está pronto para me oferecer mais almas? — zombou Zahad, suas garras reluzindo à luz da lua. — Não, Zahad. Vim para pôr fim a essa maldição, libertar meus soldados e salvar meu povo — respondeu Kai, com os olhos ardendo em determinação.
A lua surgiu no céu, e Kai iniciou a dolorosa metamorfose, transformando-se em uma terrível besta-lobo. A batalha que se seguiu foi feroz e implacável. Kai lutou com todas as suas forças, enfrentando o poder avassalador de Zahad. Garras rasgaram-lhe a carne, enquanto uivos ecoavam pela floresta. O demônio mostrava-se um adversário formidável, mas Kai não recuava.
À medida que o confronto se intensificava, Kai percebeu que apenas ele poderia destruir Zahad. Reuniu toda sua energia em um golpe final, atingindo o demônio no peito com força brutal, arrancando-lhe o coração e devorando-o. Zahad gritou em agonia enquanto sua essência se desfazia, desaparecendo em um turbilhão de sombras.
Kai, mortalmente ferido e agora em sua forma humana, desabou no chão. Seus guerreiros correram até ele, mas sabiam que não havia como salvá-lo. Com a morte de Zahad, a maldição foi finalmente quebrada. Os lobisomens retornaram à forma humana, libertos do fardo que carregavam.
— Estamos livres agora — sussurrou Kai com seu último suspiro. — Protejam nosso reino e lembrem-se sempre do sacrifício que fizemos.
Os guerreiros de Kai o carregaram de volta à cidade, onde o povo lamentou a perda de seu herói. Um monumento foi erguido em sua honra, lembrando-se sempre do sacrifício do Rei dos Lobisomens.
Jin, a filha de Kai, observou o monumento com lágrimas nos olhos. Ela sabia que seu pai tinha dado a vida por um propósito maior, mas o vazio deixado por sua ausência era doloroso. Ela prometeu que, como herdeira de seu legado, lutaria para proteger o reino com coragem e honra, mantendo vivo o espírito de sacrifício e lealdade que seu pai havia demonstrado.
Continua...