Conto de uma noite de insônia (Em Andamento)
Monise
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 12/07/25 06:02
Editado: 16/07/25 21:06
Qtd. de Capítulos: 12
Cap. Postado: 16/07/25 20:24
Cap. Editado: 16/07/25 20:40
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 6min a 8min
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Palavras: 1034
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Conto de uma noite de insônia
Capítulo 12 A chegada de Luís Jorge

Heloísa estava ansiosa pela chegada do filho, devido a um contratempo, o garoto só chegaria no sábado.

Ela não achou de todo ruim, pois assim dispunha de mais tempo para organizar as coisas...

Pediu a dona Ruth para fazer compotas de doces e geleias, encomendou biscoitos. Adequou o cardápio às comidas preferidas do garoto.

Voltou a loja do seu Salim e comprou cortinas, roupas de cama e tapete, tudo em estilo de marinheiro. O quarto do filho ficou confortável e cheio de vida!

Procurou um presente especial e depois de ver os jornais achou algo, tinha certeza que o filjo ficaria encantado.

Fez questão de ir com o motorista buscar o garoto, estava transbordante de alegria...

Assim que o filho apareceu no saguão, foi correndo ao seu encontro, o abraçou e beijou, como crescera!

Luís Jorge tinha o porte, altura e voz firme como a do pai, mas os cabelos, olhos e tom de pele eram semelhantes aos da mãe, uma mistura que o tornava um jovem belo e másculo. O único defeito era a melancolia, ter sido privado tão cedo do convívio com a mãe e experiementar a brutalidade do pai, havia lhe marcado com uma expressão triste no rosto...

Ao sair do abraço da mãe reparou em como ela estava diferente, havia algo na postura, na voz e no olhar... Era visível que algo dentro dela havia midado e transbordado.

_Mamãe, ah que saudades! E como a senhora está linda, parece que rejuvenesceu!

_Obrigada Luís! São seus olhos...

_Mamãe, que mau bocado a senhora passou hein... Peço desculpas por não ter vindo, mas seria complicado solicitar novas datas dos exames...

_Eu entendo, meu amor, o importante é que você está aqui agora! Mas vamos, o carro nos aguarda, teremos muito tempo para conversar..

.Ao entrar em casa Luís foi percebendo as mudanças, aquilo lhe trouxe tanta alegria...

Enquanto pequeno, ele não percebia muitas coisas, mas por volta dos 9 anos começou a notar os hematomas na mãe, o choro contido e o medo no ar...

Não sabia o que fazer, como lidar com aquilo e o clima era tão pesado e o pai tão bruto, que ir para casa, apesar de todos os cuidados e carinhos da mãe, lhe trazia muita angústia, uma sensação de sufocamento...

Tentou certa vez defender a mãe, por volta dos 11 anos, levou tantos socos do pai que foi preciso chamar o médico e teve uma luxação na costela.

E foi em vão, pois a mãe acabou ferida também ao tentar defende-lo.

A casa agora tinha outros ares, via carinho e cuidado nos detalhes, flores, tapetes...

Tudo gritava vida e alegria e isso acalmou seu jovem coração...

Na mesa do lanche, quanta fartura e quantas gostosuras...

_Mãe, que exagero, tem comida aqui pra um batalhão...

_Ah, meu querido, você merece um banquete e quero te apresentar a todos!

Tocou a campainha e dona Gioconda veio, acompanhada de todos os criados vestidos com roupas bonitas que Heloísa presenteou a cada um. Queria eles à mesa, queria dividir a alegria de ter o filho consigo.

_Meu querido Luís, creio que você não se lembra de todos os nossos criados, por isso eu os convidei para lancharem conosco hoje...

"Que novidade" pensou Luís "Nunca que isso aconteceria nos tempos de seu pai..."

_Esta é dona Gioconda, dela com certeza você se lembra, pois sempre foi mais próxima.

Este é seu Odelmo, o secretário pessoal de seu pai, agora ele tem me ajudado e ensinado sobre os negócios.

Esta é dona Ruth, nossa cozinheira e esta é Gabriela, nossa arrumadeira.

Dona Dulce, a faxineira e seu Rogério, o jardineiro.

Seu Joaquim, nosso conserta-tudo e os ajudantes do seu Rogério: Augusto e Felipe.

Todos cumprimentaram o jovem Luís e tomaram seus lugares à mesa.

A conversa correu animada, as pessoas riam, perguntavam mil coisas a Luís sobre a escola, a viagem... Que recepção, ele era o centro das atenções!

Luís se sentiu muito amado, acolhido e em paz naquela casa que agora era outra, transbordante de vida e calor humano.

Terminado o lanche, a mãe lhe mostrou as mudanças na biblioteca, na sala de estar.

_Mãe, nossa casa está maravilhosa! É a primeira vez que sinto tanto prazer em estar em casa...

_Ah, meu filho, que bom ouvir isso de ti. Agora esta finalmente é a nossa casa! Mas venha, venha ver o seu quarto, espero que goste da surpresa...

Ao entrar, que diferença, quanta luz e quanta paz sentiu ali. Tão diferente do cinza e marrom de antes...

_Adorei a mudança, mamãe! Muito obrigado!

_Gostou mesmo?

_Claro, este quarto me dá vontade de ler, estudar, ou fazer qualquer outra coisa...

_Então você vai gostar do presente que eu comprei pra você...

_O que é?

_Ali, no canto perto da escrivaninha. Tire o tecido de cima...

_Mãe é uma vitrola! Não acredito... Vi uma dessas no escritório do reitor do colégio...

_Achei que você ia gostar... É uma Odeon, acabou de ser lançada no país. Só consegui poucos discos que vieram da Europa, acho que uns seis apenas...

_Mãe, que presente maravilhoso! Sou muito rico!!!

_Comprei uma mais elegante para nossa sala de estar, chega na semana que vem. O vendedor me garantiu que trará pelo menos uns dez discos dessa vez...

Quando a mãe saiu, Luís Jorge se deitou sobre a cama, numa paz que nunca pensou ser capaz de experimentar.

Tudo o que haviam sofrido com o pai parecia ter ficado para trás, como um sonho ruim.

A mãe estava feliz, a casa estava leve e cheia de vida, havia risos, comida gostosa e agora música!

Se sentia um pouco envergonhado de seus pensamentos, mas não podia negar o que sentia...

"Agora que o monstro não estava mais lá, reinava a alegria".

E naquela hora o garoto fez uma fervorosa prece:

_Oh Senhor, dono do céu e da terra, que em nossa casa não haja mais guerra e que essa paz que agora gozamos, não seja algo de momento.

Oh Deus poderoso, que os anjos digam amém e que nossa família tenha sempre paz e todo bem!

O garoto colocou um disco na vitrola, deitou no leito e ouvindo a doce melodia de Debussi adormeceu num sono profundo e ameno.

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