Sentimentos em Dobro
Pequena Estrela
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 22/08/20 12:30
Editado: 15/08/25 08:05
Gênero(s): Romântico
Avaliação: 9.47
Tempo de Leitura: 6min a 9min
Apreciadores: 5
Comentários: 4
Total de Visualizações: 1248
Usuários que Visualizaram: 13
Palavras: 1089
Este texto foi escrito para o concurso "Challenge Musical" A proposta do “Challenge Musical” é simples: vocês terão que escrever uma obra com base na interpretação de uma música. Ver mais sobre o concurso!
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Espero que gostem, me baseei na minha musica favorita do momento, Double Trouble, cantada no filme Eurovision por My Marianne e Will Ferrell, a propósito é um filme lindo e a musica ainda mais linda e animada.

Espero que gostem!!!

Capítulo Único Sentimentos em Dobro

Estávamos na rua, minha mãe nem sonhava que eu estaria na rua naquela hora da noite. Eram duas da manhã e eu estaria encrencada se ela descobrisse, mas valia o risco.

Era uma missão de vida ou morte, de longe a maior empreitada: sequestrar meu amigo e levá-lo para um rolê.

Sim, sequestrar ele e levá-lo para um rolê.

Andava pela noite me esgueirando feito uma ninja. Eu sabia que não tinha ninguém atrás de mim, mas gostava de achar que estava em perigo, era mais engraçado assim. Cheguei à casa do dito cujo, vi todas as luzes apagadas. Será que ele dormiu antes de lembrar da fuga? O que, a propósito, era a cara dele: bichinho não aguentava ficar acordado depois das 11.

— Ow! — tacquei uma pedrinha que já estava no bolso na janela do cara. Foi instantâneo: uma luzinha se acendeu e eu vi uma criatura toda pimpona saindo pela janela do quarto e pulando o portãozinho para não ter que abrir e fazer barulho.

— E aí? Acha que ninguém te viu sair? — falei, dando o braço para ele, para caminharmos juntos.

— Se minha vó desconfiar, eu tô morto, cara. E, caralho, por que eu aceitei sair contigo mesmo?

— Porque você disse que queria liberdade, caralho, e aqui estamos, na rua, às duas da manhã, escutando latido de cachorro e briga de bar na rua. Uhul!

Ele riu da minha ironia, sempre com o sorriso meio travado, não sabia se era por conta do vento frio ou dele estar morrendo de medo.

— Pra onde a gente vai? — ele perguntou, curioso, pois eu o estava levando para o centro da cidade, que, a propósito, não estava tão vazio.

— Sei lá — comecei a rir.

— Sério? Tu fez eu tomar mais de cinco copos cheios de café só para ficar acordado e nem sabe para onde estamos indo?

— Exatamente, meu caro Watson — entrelacei nossas mãos por algum motivo. Eu gostava de andar de mãos dadas com ele e nem sabia o porquê. — Acho que tem um trailer que fica aberto na madruga. Vamos pedir um dogão e comer na praça enquanto escutamos a linda sinfonia de mendigos cantando.

— Que horror! — ele sorriu de um jeito mais liberto enquanto íamos ao trailer do Paulão, um cara gente fina que abria de madrugada.

— Tu trouxe grana? — perguntei.

— Eu não, fodeu...

— Relaxa, eu trouxe para nós dois — encostei meu ombro no dele como um movimento de incentivo.

Chegamos ao trailer e um cara gordinho e gente fina nos atendeu. Não íamos ficar no trailer porque queríamos andar; só pedimos o dogão e umas quatro cervejas, duas para cada. Tudo ficou pronto e saímos andando com as sacolinhas, comendo e bebendo.

— Você sabe que eu não vou beber, né? — ele me olhou, limpando a mostarda do lábio inferior. — Tomei remédio, pô.

— Beleza, eu tomo as quatro cervejas então.

— Você não vai nem lamentar por eu não conseguir beber? Que safada! — ele riu, dando um peteleco no meu nariz.

Andávamos sempre juntos, quase grudados. Quando terminamos de comer, eu já logo engatei nas cervejas. Só não esperava que quatro cervejas me deixariam meio bobona. Comecei a cantar pelas ruas músicas aleatórias, como "Te Levo Comigo", do Restart. E sabe o curioso? Eu odiava Restart.

Ele apenas ria da minha bobeira, achava graça no meu humor terrível, começava a se soltar e a rir mais alto, sem medo, conversava e criava teorias da conspiração ao meu lado enquanto andávamos por aí, sem destino, observávamos a lua, as estrelas meio ocultas por conta das luzes da cidade, e eu comecei a reparar em algo que já havia notado há anos: o quanto eu amava aquele rapaz ao meu lado. Podia ser efeito da Brahma? Talvez, mas provavelmente não.

Depois de longa caminhada e cantoria desnecessária, decidimos nos sentar em frente a uma fonte que havia em uma velha praça. Observamos a água sair, o vento gelado e confortável.

Estávamos encrencados. Eu sabia que, a qualquer momento, minha mãe poderia ter um lapso de doideira e descobrir que eu estava fora; a mesma coisa valia para a avó dele. Mas parecia que isso só tornava tudo melhor.

— É a primeira vez que sinto isso, esse lance de liberdade... — ele desabafou, colocando minha cabeça no ombro dele. — Valeu por me meter nessa furada.

— Não tem de quê, eu que agradeço. Você sempre foi... a melhor pessoa do mundo, sabia? — olhei para ele mais de perto. A barba dele estava crescendo, notava pequenas expressões no rosto, uma olheira bem leve, os mesmos olhos castanhos que pareciam inexpressivos para o mundo, mas tão expressivos para mim...

— Eu te amo — disse, meio sonolenta, não com sono, mas em um estado de transe que parecia sono, doideira total.

Ele me olhou de forma surpresa, mas, ao mesmo tempo, não estava chocado a ponto de sair correndo. Parecia saber, e parecia sentir o mesmo. Não disse "eu também", fez algo melhor: inclinou-se e beijou minha testa com ternura, me abraçando de lado, fitando a fonte com um sorriso bobo.

Eu estava feliz, não me importava com o tempo que estávamos fora, ou se eu levaria uma surra por ter saído de casa sem nem levar um celular, ou se a avó dele tacaria fogo na coleção de Star Wars dele. Tudo parecia leviano; nada existia além de nós.

Quando eu olhava para ele...

Sei que estaríamos encrencados naquela noite, mas quando o ouço, só aumenta a certeza.

Quero que ele me dê seu amor, que ele me mostre o seu amor.

De fato, estávamos encrencados, mas quem ligava?

Em um impulso leve, seguro seu rosto com a ponta dos dedos gelados e o trago para mim em um beijo fraternal, o qual ele retribuiu com certa timidez, mas não menos intensamente que eu.

— Sua maluca que me mete em problemas — ele sussurrou com um sorriso bobalegre.

— Seu medroso magricela e com cara de fuinha — retruquei, devolvendo o sorriso.

— Vamos voltar?

Concordei com a cabeça, e nos levantamos, descartamos as latinhas em uma lixeira e andamos até a casa dele. Ele entrou com a mesma furtividade com a qual havia saído, sem antes me dar um último abraço e um beijo na bochecha e agradecer tão tolamente pela oportunidade. Eu apenas sorria ao vê-lo entrar pela janela do próprio quarto e simular um sono leve.

Voltei para casa e não fui descoberta, não naquela noite. Levei um castigo de um mês quando mamãe descobriu.

Mas valeu a pena...

Valeu a pena estar em encrenca em dobro naquela noite.

E de ter sentimentos em dobro também.

❖❖❖
Notas de Rodapé

ACABOU!

Espero que tenham gostado, e a propósito vejam o filme Eurovision ou a musica Double Trouble cantada, é fascinante, tudo de bom!

hasta luego!

Apreciadores (5)
Comentários (4)
Comentário Favorito
Postado 12/09/20 23:55

O inocente, doce e mágico amor. Seu texto é extremamente fofo e carinhoso, como receber um abraço de alguém querido.

A forma como interpretou a música foi bem interessante. Dogão com cerveja, gostei disso. Confesso que ri da parte do Restart. Lembrei da época da escola, quando eu e algumas amigas ficávamos cantando na hora do intervalo. Eu sempre detestei Restart, mas tinha que ouvir todo santo dia, só por elas. Vai ver o sentimento da personagem é algo assim. Ela só queria uma música que combinasse com o momento. Kkkkk

Bom, foi literalmente um problema duplo. Cantar a música do Restart e “fugir” de casa na madrugada para se encontrar com o amado. Posposta interessante.

Parabéns e obrigada pela participação.

Postado 23/08/20 16:13

AAAAAAAAAAAAA ITI QUE FOFURA MO DEUSO DO CÉU * - *

Senhorita Estrela, estou profundamente encantada com essa linda história romântica!! É fofura demais para todos os lados, e em todas as linhas!!

Esse casal é uma explosão de fofura, não estou nem encontrando as palavras certas para descrever tamanha fofosidade, aaaaaa <3

Meus parabéns pelo texto maravilhoso!!

Um grande abraço!! <3

Postado 24/08/20 12:23

AAAAAAAAAAAAAA <3

obrigada minha flor de lótus, te adoro muitão poxa!!!

fico mega hiper feliz que tenha gostado, valeu msm <3

beijitos da estrela!!!

Postado 26/08/20 11:51

Ai que amorzinho de história mais fofinha, adorei demais seus personagens, eles são muito meigos e a história muito bem construída, parabéns viu, ficou bom demais *_*

Postado 12/09/20 23:52

Ah, Pequena Estrela, que texto mais fofo e doce foi esse? Aqui contém um sentimento tão puro que não há como não morrer de amores por esses dois. Eu gostei muito da maneira como você trouxe vida à música; um amor clichê proveniente da amizade duradoura dos protagonistas.

Mais do que um clima romântico e descontraído, a maneira como ela se envolve nessa empreitada noturna apenas para vê-lo mais alegre e concretizar o seu "anseio" de liberdade - mesmo que por meras horas - é totalmente aconchegante.

Porque nada mais acolhedor do que uma amizade verdadeira que está disposto a tudo para fazer um ao outro feliz.

Cada detalhe e diálogo foram muito bem escritos, de uma forma que os sentimentos ficaram palpáveis. Sem contar a harmonia com a música utilizada.

Meus parabéns pela linda obra. E muito obrigada pela sua participação ♡

Postado 14/09/20 09:29

AMEI ter participado Srta Sorelly, amei mesmo! Me despertou um arco-iris de emoções em mim, tanto escrevendo essa obra, quanto lendo obras novas <3

Quero mais concursos assim ein? amei mesmo <3