Evidências Macabras (Terminado)
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 01/10/22 19:23
Editado: 14/11/22 10:10
Qtd. de Capítulos: 10
Cap. Postado: 03/10/22 20:04
Cap. Editado: 03/10/22 20:07
Avaliação: 9.73
Tempo de Leitura: 9min a 12min
Apreciadores: 9
Comentários: 5
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Palavras: 1508
Não recomendado para menores de dezoito anos
Evidências Macabras
Capítulo 02 O cemitério

Desde que encontraram “a obra de arte macabra”, como Anônimo(a) gostava de pensar, não pararam de trabalhar por mais nenhum segundo, aquela aparição e o crime era o assunto mais comentado do momento na cidade.

Mesmo assim, a prefeitura e a polícia estavam fazendo o possível para que essa história não saísse de controle, mas era tarde demais, pois a cidade toda já sabia. Jornalistas e senhoras fofoqueiras querendo saber mais, alguns moradores aterrorizados com o ocorrido e os quatro agentes, se sentindo privilegiados de terem descoberto tudo primeiro.

Santos descobriu que dentro do gatinho – que descanse em paz – estava o celular que fora responsável, não só pelas 67 ligações, como também pela primeira ligação que receberam.

Torres achou um absurdo, apenas a lembrança daquele som no telefone, a fazia querer vomitar, mas de fato, eles lidavam com tecnologia, era totalmente possível alguém estar controlando tudo aquilo remotamente, atrás de um computador, afinal, nenhum ser humano é onipresente.

Mas até então, não sabiam de mais nenhuma informação concreta.

Não conseguiram rastrear o IP real das ligações, o sangue da faca não batia com o sangue do gato, nem do javali e muito menos do corpo que fora encontrado, vestido de espantalho. Também não encontraram digitais, cabelo, pele, unhas ou qualquer tipo de DNA estranho nas pistas.

O corpo encontrado era de uma mulher branca, de aproximadamente cinquenta anos, ela já havia feito uma cesariana, por causa da cicatriz na barriga, mas além desta marca, não haviam mais marcas pelo corpo, nenhuma tatuagem, marca de nascença, sinal de doença anterior ou deficiência.

O pior de tudo, era que o assassino era bem esperto, decepou também os dedos das mãos e dos pés, além de depilar gentilmente todos os pelos do corpo da vítima.

Até então, nenhuma pessoa das redondezas tinha reportado o desaparecimento de uma mulher com aquelas características e a possibilidade dela ser uma pessoa em situação de rua, também não batia, por sua pele ser delicada e lisa.

Além disso, nada foi registrado em nenhuma das poucas câmeras da cidade. Era como se fosse mágica ou magia negra.

Alguns dias mais tarde, Torres veio correndo com notícias urgentes.

“Encontraram no meio da floresta, uma clareira, onde há um círculo de pedras imensas, ninguém tinha conhecimento deste local, foi o drone que encontrou, fica no sentido oposto à rodovia, mas já sabemos como chegar lá!”

Graças a competência de Torres, Anônimo(a) pôde ter esperanças.

O quarteto se juntou de novo, mas dessa vez levaram consigo todo tipo de material, câmeras, pacotes, sacos plásticos e luvas.

Para chegar ao local indicado, era preciso passar por uma floresta densa, na qual era impossível entrar com as viaturas, portanto o grupo teve de seguir a pé por entre as árvores, cipós e lama.

Um a um, foram notando que a floresta era silenciosa demais, sem animais, sem pássaros cantando, sem cigarras ensurdecedoras prestes a implodir, isso mesmo – silêncio total, o único barulho vinha das botas atravessando o mato, quebrando galhos, seguindo firmes e imbatíveis como tanques de guerra.

“Ei... Encontramos a clareira!” – Santos anunciou no rádio.

Todos que estavam para trás, correram para ver, mas foram parados por uma grande placa de madeira muito antiga, que possuía um desenho antigo de uma representação de duas faces, uma feliz e outra triste.

Bem abaixo do desenho, estava escrito bem pequeno: O fim absoluto.

Os agentes fizeram suas anotações mentais e deixaram os detalhes para o Santos fotografar, foram então, adentrando a clareira, já circundando a cerca de madeiras tão velhas quanto a da placa.

Cada peça da cerca parecia ter uma origem diferente, umas maiores que outras, mais longas, mais grossas, umas pintadas de tinta desgastada, outras novas em folha, algumas apodrecendo...

Mori percebeu que até mesmo os pregos seguiam esse padrão despadronizado, uns eram velhos, outros novos, outros pequenos, outros grandes, ainda, alguns pedaços da cerca estavam colados com cola de madeira, outros presos com arame.

Era tudo muito estranho, mais uma vez, não fazia muito sentido, pelo conhecimento de toda a equipe, este “cemitério” não estava ali antes, já que, apesar de fechada, aquela floresta era conhecida, havia cachoeiras e trilhas mais a frente, a molecada adorava o lugar... Era como se, por mais que o material fosse todo velho, aquela placa e a cerca fossem velhos, o local como um todo era novo.

Já as grandes rochas, eram lápides, todo o terreno em volta das lápides estava firme, apesar da cerca não estar firme – como foi notado por Mori, ao se apoiar nela.

Mas a equipe só iria descobrir o que tudo aquilo significava se começassem a cavar. Delegado Anônimo(a) era chamado a todo momento, a cada nova descoberta da equipe, descobriram túmulos de animais enterrados a não muito tempo atrás, em grande maioria, cachorros e gatos, haviam também mini porcos e pôneis, até mesmo peixes... E todos tinham o mesmo sinal: a barriga cortada e costurada de forma grosseira.

Praticamente não tinham entrado em estágio avançado de decomposição, o que mostrava que não haviam sido mortos e enterrados a muito tempo.Mas como que o solo estava duro?

Mas essa indagação não importava no momento seguinte, quando finalmente escavaram o último túmulo, do qual a rocha era a maior e descobriram que o caixão estava vazio.

Anônimo(a) foi conferir, realmente, sem sinais de corpo e nem manchas.

Parecia ser uma distração assombrosa.

Foi quando a grande rocha começou a tombar, devido ao deslizamento de terra, em menos de um minuto ela já estava no chão, quase esmagando os pés de Mori, mas tudo ficou bem.

Quando a poeira baixou, evidenciou o que todos procuravam há 3 dias.

Embaixo do local onde a rocha estava antes de cair, havia um buraco, dentro do buraco, uma caixa de ferro, e dentro da caixa de ferro...

“Meu Deus... É a cabeça, Chefe!” – exclamou Santos.

Cuidadosamente Anônimo(a) colocou uma luva e pegou a cabeça, que também não estava em estágio avançado de putrefação, mas havia um bilhete entre os lábios do defunto.

A cabeça pertencia a uma mulher loura, de aparentes cinquenta anos.

“Mas não apodreceu nada...” – Torres apontou..

“O que diz o bilhete, Santos?” – Mori indagou.

VocÊs deMoraRAm dEmaIs”, Santos fez uma expressão seríssima, para que entendessem que aquilo não era piada alguma, esse maldito assassino era um canastrão.

O humor sombrio que continha naquele bilhete, não deixava dúvidas que era a primeira vez que eles lidavam com algo desta magnitude maléfica, muito pior do que traficantes ou violência doméstica, ou brigas de bar, ou batidas de carro. Estava longe do entendimento, era como se esse assassino fosse um artista macabro e muito organizado, que só deixava que encontrassem aquilo que eles mesmos queriam encontrar.

E agora Anônimo(a)?

“Chefe…" – uma voz interrompe as conversas internas que Anônimo(a) começou a ter – Há mais uma mensagem dentro do “caixão” – Stefanie Torres faz o sinal de aspas, com uma expressão pálida – “Eles verão, eles verão e perceberão. Mesmo assim dirão: ela não faria mal a uma mosca”.

Um sentimento novo de estranhamento, asco e dor de estômago se apossou dos seus corpos. A esta altura, nenhum deles sabia qual expressão fazer, ou o que dizer para amenizar, se sentiram drenados, cansados, incapazes.

“Tem mais uma coisa…” – Mori nota - “Tem a identidade dela aqui... O nome dela é Norma...”

“Meu Deus, eu conheço ela! Ela é dona de um hotel!” – disse Amaral que acabava de conseguir chegar à clareira.

“É a dona Norma?!” – exclamou Mori - “Mas o hotel não está funcionando?”

“O Hotel está funcionando sim, eu passo na frente todos os dias quando vou para delegacia"

Todos se entreolham. Talvez tenham percebido. Talvez só fingiram que sim. Qual será a próxima pista?

“Você viu ela lá?” – Anônimo(a) indagou seriamente ao agente Amaral.

“Eu não a vejo com frequência, mas seu filho parece mais presente;.o vejo todos os dias na frente, ultimamente”

De repente, eles sabiam exatamente para onde ir em seguida. O mundo começou a girar estranho.

Anônimo(a) teve de se sentar por um instante. Tentou pensar como o assassino pensaria, algo como: “Vocês humanos pequenininhos, não sabem racionalizar sem alvoroço, sem falação, sem ter de juntar pista por pista, mas às vezes, as coisas são apenas uma coincidência assombrosamente engraçada”.

Anônimo(a) se assustou com o pensamento que teve, foi real demais, mas pareceu certo demais tentar se colocar no lugar do assassino, da pessoa que estava criando todo esse inferno.

“Cada passo, movimento, um bom banho quase tomado, um minuto de relógio adiantado, uma estadia em um hotel assombrado...” — Anônimo(a) não parava de pensar em cada contraste, em cada aposta, em cada possível resposta.

Podia tudo ser poesia mortal, podia tudo ser verdade.

Banho de Lua.

“Eles verão, eles verão e perceberão. E dirão: Ela não faria mal a uma mosca” – Anônimo(a) repetiu a frase do bilhete para si.

Onde ele já tinha ouvido isso? O que será que encontrariam no hotel? Por qual motivo ninguém deu falta da própria dona? De qualquer forma, apenas lá estas perguntas seriam sanadas, sendo assim, Anônimo(a) e seus companheiros de departamento teriam de partir ao Hotel Batista.

❖❖❖
Notas de Rodapé

BLOCO DE NOTAS:

Aquela frase não sai da minha cabeça... Não faria mal a uma mosca…

Apreciadores (9)
Comentários (5)
Postado 04/10/22 00:57

Juntar pista por pista está ficando cada vez mais perigoso e sinistro. Socorroo!

Estou cada vez mais intrigada com esse "artista"... O que será que vem agora?!

Postado 05/10/22 13:45

Certo, estou me banqueteando com uma história que consegue unir um assassino inteligente que consegue utilizar e driblar tecnologia, CSI e agora mais pistas que fervilham as ideias.

cacetada

Postado 09/10/22 23:30

Por ser muito curiosa, li os três capítulos até então postados em uma cajadada só e a obra só melhora conforme a leitura avança. O fator imersão continua sendo maravilhoso. Eu realmente encarno a detetive enquanto leio kkkkkk. Esse capítulo ferveu minha cabeça e não vejo a hora de descobrir as demais obras desse "artista" peculiar!

Obrigada por compartilharem conosco!

Parabéns, pessoal ♥

Postado 12/10/22 16:04

Gente, o negócio só vai piorando... Tô gostando bastante!

​Parabéns!

Postado 18/10/22 18:39

Acho que eu morbidamente fiquei com vontade de visitar esse "cemitério" e ver essa cena '--'

Estou adorando ver o meu nome durante o texto! Isso é tão genial <3

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