Esperança do amanhecer.
Cria de Minerva
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 24/09/24 18:44
Editado: 24/09/24 18:47
Gênero(s): Cotidiano
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 2
Comentários: 1
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Palavras: 376
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Esperança do amanhecer.

Hoje, quando acordei, ao abrir os olhos me deparei com uma escuridão terrível. Não havia sombra ou resquício de luz, somente o breu. Esfreguei os olhos com as mãos, na esperança (ingênua) de que eu conseguiria afastar aquela escuridão (e o medo que eu sentia).

Não resolveu. Tateei o chão, em busca de algo que pudesse me ajudar. Nada tinha. Fui em busca de paredes, mas tudo que minhas mãos encontraram foi o vazio. Não faço ideia, sequer, há quanto tempo estou aqui – com certeza, mais do que conseguiria contar nos dedos, a sensação é essa. Mas o tempo é tão confuso... como poderia confiar nele? Há momentos que passam tão rápido que eu mal posso aproveitá-los, e há outros em que me sinto tão perdida que parece que percorri o mesmo labirinto por meses – quando na verdade se passaram poucos minutos.

Todos os dias, travo batalhas na minha mente. A escuridão que recaí sobre meus olhos é perfeita para criar fantasias: e nelas, eu estou sempre em busca de algo. Esse algo, eu não sei nomear, apenas sentir: é um quentinho que percorre todo o corpo, é sorrir deliberadamente, é abraçar sem motivo e sentir com intensidade. O que é isso? Eu não sei, cada um nomeia como prefere. Eu gosto de chamar de “aquilo que procuro sem jamais encontrar”. Pelo menos, tenho tempo de sobra pra imaginar como seria encontrar o que tanto procuro.

Todos os dias me esforço para lembrar, entre uma fantasia e outra, que existe um curso natural da vida, no qual tudo um dia acaba e o sol renasce esplêndido. É tão difícil lembrar que já fez sol... mas sei que um dia ele ressurgirá para aquecer meu espírito e inundar todo meu corpo. Enquanto isso, sigo de olhos fechados, enfrentando a escuridão a meu modo. Sorrindo carinhosamente, abraçando-a algumas vezes. Aos poucos, aprenderei amar o sol e a lua, mas também a ausência de luz. Para que o universo continue funcionando, é preciso que cada um faça sua parte – seja iluminando ou esquentando a vida, até mesmo um buraco negro desempenha seu papel ao sugar tudo que está ao seu redor. As vezes é preciso recomeçar do zero.

É. Acho que é aqui que estou.

Eu me lembro agora.

❖❖❖
Apreciadores (2)
Comentários (1)
Postado 30/09/24 11:37

Que obra tocante! Me tocou, pois me vejo no mesmo breu todos os dias, luto contra as sombras para conseguir achar fagulhas de luz, assim como esse narrador...

Acho que é assim pra maioria dos escritores.

Mas, sabe... Apesar de nos sentirmos de olhos fechados, mãos atadas e com a voz falhando, ainda temos um poder sobrenatural de conseguir organizar parte desse caos, em forma de arte.

Acho que é nossa ponte para o outro lado - o lado ensolarado.

Desejo que esse narrador não desista de persistir, não desista de uma vida de sonhos, pois uma hora, eles nos alcançam também!

Eu amei essa leitura, obrigada por compartilhar conosco!

Com carinho, uma escritora que tateia no escuro e acha preciosidades como esse texto,

6.

Postado 16/10/24 20:43

Obrigada por esse comentário tão delicado e sensível! Posso dizer com toda certeza que esse comentário foi um resquício de luz que aqueceu um dia frio.

Desejo de todo coração que você vença todas as sombras e todo caos se transforme em passado. Um lugar que você pode revisitar somente quando desejar, sem dor, apenas como uma memória que te fortaleça para experenciar e aproveitar todos os dias de sol!

Um grande abraço♥