Eu não escrevo isto para me vingar. Então, porque vou escrever?
É simples, acreditem ou não. Escrevo para que meu coração se sinta menos cansado de tanto lembrar.
Eu e ela nem precisávamos nos casar. Mas nos casamos. Porque eu não sei. Vai ver foi uma dessas loucuras que a gente comete na vida.
Não há quem não se pareça com um louco ao menos uma vez na vida.
Mas, não vamos, nem mesmo que quiséssemos, porque não conseguíriamos decifrar a loucura.
Estávamos é ébrios de amor. E isso tem cura. Já a loucura merece é tratamento. Vêem a diferença?
Mas prossigamos. Estava eu muito bem empregado.
E isso me ajudou na conquista daquele coraçãozinho, o dela. Qual mulher não gosta de conforto? Mas ela me disse:
- Estou com você, porque você é o que é. Um quase filósofo. - e isso me agradou.
E fomos vivendo, eu na minha casa, ela na dela. Para mim, a união ideal.
Mas isso durou anos. E acabou. Afinal ela me disse:
- Nâo existe a eternidade.
E eu sei que não existe mesmo a eternidade.
Mas uma coisa existe, a saudade. E eu sofro de saudade até hoje.
Um belo dia, lá estou eu pendurado ao telefone. E com quem falo?
Com ela. Ela me telefonou. Eu não acho ruim, não.
Conversamos, E colocamos em dia nossas lembranças.
Ao final eu pergunto:
- A que vem você hoje?
Ela titubeia um pouco. Mas responde:
- Nada, só prá dizer que não tenho queixa.
Quer saber, no entanto? Pergunto a quem me lê, não a ela.
Eu ainda sinto saudade dela.