Fizemos uma viagem sob o frio das montanhas de Minas. Eu e minha irmã. Íamos ao enterro de alguém chegado. Lá chegamos.
Vimos os rostos tristes no velório. Cumprimentamos os presentes. E no mesmo dia estávamos de volta.
O caso é que moramos numa cidade. E o enterro foi em outra cidade.
Quando chegamos, eu estava cansado da viagem. Deitei-me, e logo adormeci.
De manhã, no outro dia, minha irmã fez café.
Bebi café com leite e comi biscoitos. Eu estava calado. Minha irmã puxou conversa:
- Você, não fique assim, que eu fico preocupada.
- Pode deixar, fiquei comovido, mas foi ontem. - Eu disse.
E minha irmã saiu de carro, depois de se despedir. Ela ia-se embora, para a casa dela.
Na verdade ela é quem cuidava de mim. E chegou a empregada, que estava comigo há anos.
A empregada já estava sabendo do acontecimento. Me disse:
- Meus pêsames, meu patrão.
Agradeci. E olhei para a empregada. Ela se pôs logo a trabalhar.
Num momento em que a empregada teve uma folguinha, eu disse a ela:
- Não valemos nada.
Ela concordou, e acrescentou:
- Estamos aqui de passagem.
Eu pensei: nada é permanente. Só que não disse nada.