Ela o olhou bem nos olhos. Ele notou. Então ela lhe disse:
- Estou apaixonada.
Ele não se espantou. Sabia que não poderia fugir daquele amor. E, na verdade, até queria vivê-lo. Marcou mentalmente o ano.
E foram vivendo. Os dois eram estudantes. Na mesma faculdade, na mesma sala. E eram estudantes dedicados ao estudo.
Ele sabia que o amor naquele século vivia mutações.
Encarava a realidade de frente. Fora criado para viver na real.
Então um dia ela lhe disse:
- Meu bem, eu vou precisar viajar, a serviço. Pois ela trabalhava numa empresa.
Ele olhou-a, e disse:
- Pois vá..
E no dia marcado para a volta dela, lá foi ele à rodoviária.
Ele viu-a desembarcar. E levou-a em casa.
No outro dia, chamou-a e conversaram. Ele não exigiu muito.
Pois ele também trabalhava. Mas isto exigiu, que ela parasse de trabalhar.
Foi prontamente atendido. E não pense o leitor que concedo a ela alguma coisa.
Ela ia ficar sem aquele dinheiro que ganhava trabalhando.
Mas os dois se amavam. Se amavam de verdade. E ficaram noivos.
O noivado correu bem. Ele até fora promovido no serviço dele.
E nove anos depois festejaram o amor. Houve até um bolo com vela.
Ela perguntou:
- Para que este bolo?
Ele não hesitou em responder:
- Faz nove anos que nos conhecemos.
- Ah, meu amor, já ia me esquecendo, mas é mesmo.
E com isso se casaram. Devem ter sido felizes até quando Deus o permitiu. Porque eu perdi o contato com eles dois.