Tenho saudades da época em que eu abria a janela do nosso quarto e dava bom dia para sua alma. Sinto falta de morar em teu peito e ouvir a melodia de seu coração. Ela simbolizava seu excesso de vida, seu transbordamento indiscreto de alegria e uma paz que excede qualquer entendimento.
Você era minha casa de sentimentos bons.
Teu peito servia de acalento para meu tormento.
Hoje, tento aconchegar-me nos braços de um colchão velho e descanso minha cabeça num travesseiro mofado por causa da infiltração de minhas lágrimas.
Você me deixou na sarjeta, como se eu não significasse nada.
Você precisou ir, mas eu não consegui sair de seu peito quando você começou a chutar as estruturas. [estou presa aqui dentro]. Flutuo no entulho que, antes, eram nossos sonhos. Meu refúgio tornou-se uma lata de lixo fedorento.
Seu amor é uma pilha de merda que me causa náuseas.
Tento não sucumbir ao desejo de gritar seu nome pela janela e chamar a atenção de sua alma tão bela que já tem olhos para outra. Permaneço quieta, enquanto te vejo sendo feliz com ela.
Te digo adeus todas as vezes que me deito para dormir, mas te dou boas-vindas em meus sonhos, porque, mesmo que te amar seja um erro, não posso negar que você seja meu maior sonho.
Ainda assim, permaneço tropeçando nesta estrada de erros inconsequentes, enquanto você se aquece em outro coração. Entretanto, as pedras no caminho um dia servirão de apoio para meu ato final: o grande adeus que darei para você. E mesmo que você não ouça, olhe ou entenda, estarei satisfeita comigo mesma, sabendo que me libertei da prisão dos apaixonados e, agora, estou te mandando de volta para o buraco de onde você não deveria ter saído, seu filho da puta desgraçado.
Só não se esqueça que esse dia é hoje e minhas palavras se tornarão ações agora.