Um milhão de possibilidades em quatro minutos. Agora são 22:56. Agora são 23:00. Nesses quatro minutos, quais são as possibilidades possíveis de algo acontecer?
Abraços, lágrimas, um novo amor? E que tal uma nova decepção? Eu particularmente, acredito que em quatro minutos uma música pode ser tocada, uma carta pode ser escrita, um filme pode se tornar chato ou você pode dormir como se tivesse dormido por três dias...
É tudo muito relativo, tudo está concentrado nas possibilidades.
Uma mão suja de baiconzitos pode ser limpa numa calça preta, o anúncio do metrô é anunciado em inglês, uma conversa nova se inicia e o frio se torna ainda mais frio.
Eu estava com meu olhar nos olhos de um outro alguém, olhei as horas e o relógio marcava 22:56, porém, eu senti novamente a necessidade de acelerar o tempo e proferir que eram 23:00. Fui questionada, por que você acelera o tempo se em quatro minutos podem acontecer um milhão de possibilidades? Não soube responder, não naquela hora, mas pensando aqui comigo, eu acelero o tempo porque eu tenho uma extrema necessidade de pular as fases, os momentos, os pensamentos, as coisas, a vida, os milagres...
Acho que no fundo é um medo casado com uma falta de fé. E isso é cancerígeno, isso te consome aos poucos e te devora de dentro pra fora até que você não mais exista e o que um dia você foi ou ao menos o que realmente queria ser é um câncer. Um câncer maligno e irreversível.
Então, aqui agora, distante daqueles olhos cor de mel eu traço todo um caminho feito até aqui e esse caminho traz muita coisa, muita observação, muita malevolência, muitas ideias, muitas contradições, muitos corpos, muitas palavras, muitas distrações, muitas atrações, muito medo, dor, sofrimento, culpa, receio, stress, e etc e etc... Acho que quando a gente abre os olhos para além daquilo que somos e buscamos ver nos outros aquilo que em nós não é, fisgamos grandes peixes, aqueles bem grandões que trazem na boca o resto de outros peixes, e isso é tudo muito lindo, sofrido claramente, mas extremamente rico. Então, em quatro minutos você acaba fazendo muita coisa, passando por muita coisa, vivendo por muita coisa e infelizmente perdendo muita coisa também. Mas, no final da noite tudo é um grande aprendizado e uma grande questão de fé. Entenda aqui a fé como você quiser ou classifique como você achar melhor, mas agora, exatamente 23:51 da noite, de uma quinta-feira, estes quatro minutos que eu desacelerei foram os mais incríveis quatro minutos da minha vida.