Eu só quero gritar, mas a garganta seca não permite. Me falta ar. “Deixe-me ir,” suplico, “quero respirar.” Então o resto de ar se vai e a tosse vem. Fecho os olhos e o vazio vem também.
Ah, o sentimento de fracasso. Mas em que fracassei? Sequer tentei, mas sei que a vitória não foi uma opção. Nunca é. Não, nunca é, nunca foi. Ela sussurra.
Levanto o rosto, lágrimas me molham. Não consigo enxergar. Solto o ar que estava prendendo (e descubro que não me faltava, eu só não deixava ir) e com uma grande lufada, volto a chorar.
Me sinto tão só que quero gritar, mas ela diz que é errado. Ah, solidão, o que te fiz para me querer por tão perto? “Deixe-me ir!”, peço-lhe. Ela nada fala. Me sinto tão só. O seu silêncio vai me engolir e, de repente, o vazio.
Me deparo com o espelho. Tão vago, mas tão cheio de mim. Consumido pelo nada, com as vísceras à mostra, estou nu e incrivelmente vazio. Visto a insignificância e, ainda com o peito aberto, permito-me sentir.